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Costa do Esqueleto, na Namíbia (África)

A Namíbia é um país particularmente bonito. Pouco povoado (é 10 vezes menor que o Brasil com população de cerca de dois milhões de habitantes), com estradas razoáveis, onde a cada 100 quilômetros se encontra uma cidadezinha, com posto de gasolina e suas facilidades. Mas entre elas não há nada além da natureza. Há uma boa infraestrutura hoteleira e animais selvagens para apreciar e fotografar em safáris bem organizados. Minha mulher e eu visitamos o fantástico Parque Nacional de Etosha (cerca de 500 km da capital Windhoek), o deslumbrante deserto de Sossusvlei, mas a pérola ou a cereja do bolo foi nossa ida à Costa do Esqueleto, no noroeste da Namíbia, em pleno deserto do Namib.

Autor: Márcio Araujo Lage, embaixador brasileiro
Brasília-DF

Viajamos num monomotor diretamente de Windhoek, com escala em Swakopmund, para o campo “Skeleton Coast Camp” no Parque Nacional da Costa do Esqueleto. O Parque vai do rio Ugab no limite sul até o rio Kunene, ao norte, na fronteira com Angola, numa extensão de 1.6 milhão de hectares. Nosso campo fica na área norte, próximo ao delta do rio Hoarisib (leito seco), onde o concessionário tem uma área de 350 mil hectares exclusiva para a “experiência de safáris”, com apenas seis tendas e de acesso restrito por avião. O tempo é geralmente frio e ventoso, com manhãs e noites nevoentas. Ao meio dia, faz muito calor e um protetor solar, chapéu e óculos escuros são indispensáveis. As tendas são confortáveis com duas camas ou cama de casal, com edredom e bolsa de água quente na hora de dormir. Tem banheiro com chuveiro e instalações sanitárias. Um luxo! Há energia solar para esquentar a água e a iluminação precária é de 12 volts.

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Durante a viagem fomos introduzidos a uma significativa diversidade da flora e da fauna do deserto, viajando por leitos de rios, normalmente secos, mas que são a fonte de vida para a maioria dos animais e plantas encontrados no deserto. Vimos árvores secas, retorcidas, como as acácias (comida preferida de elefantes) e tivemos sorte de ver antílopes (como o orix, o springbok, o gemsbok), girafas, elefantes, burros selvagens, bando de babuínos, chacais e mesmo uma lebre. Embora tenhamos buscado, não vimos leões, que eventualmente se deixam aparecer nessas bandas. Lá nada é óbvio, nada é previsível, porque você viaja em grandes extensões vazias.

Ao longo do leito dos rios secos, vimos planícies cobertas de um musgo pequeno e colorido no cascalho. O melhor é parar na estrada e andar para observar as pedras cobertas pela estranha combinação de algas e fungos que crescem nas áreas litorâneas. Há cinco espécies diferentes de musgos, com cores que variam do laranja profundo, passando pelo verde ao preto. Pode-se dizer que a cor, as mudanças de cenário e o perfil intocável de sua paisagem são as principais atrações desta área remota da Namíbia. Sua aura de mistério e força é devido à névoa densa do litoral e às brisas frias do mar causadas pela corrente de Benguela, bem como pelos ossos de baleias e focas dispersos em suas praias, de onde deriva o nome Costa do Esqueleto.

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A paisagem no parque varia das vistas arrebatadoras de dunas varrida pelo vento às gargantas ásperas com paredes de rocha vulcânica rica e colorida, assim como pela escala das montanhas. De interesse especial estão os castelos de argila do rio Hoarisib, que formam figuras estranhas como caveiras. À beira mar, o parque pode ser caracterizado por grandes extensões de superfície plana, ocasionalmente quebradas por dunas na vizinhança imediata da costa. Os restos de navios encalhados ao longo da costa testemunham a sorte de muitos navegantes que vieram tocar estas paragens desoladas.

Um dos fascínios de nosso safári à beira mar, além de andar de jipe nas dunas e descer como montanha russa suas escarpas, foi a busca de pedras de diferentes cores e brilhos, uma vez que há boatos de “ricos depósitos de diamantes” naquelas praias, mas que provaram ser um ilusório engodo. A vegetação caracteriza-se por arbustos baixos, já que a maioria das plantas e dos insetos é dependente da umidade que envolve a costa e da pouca água subterrânea dos rios. Há grande quantidade de pássaros, como as andorinhas, rolinhas do deserto, abelharucos (parecem eriquitos), gaivotas, “francolins” (perdizes), corvos marinhos pretos, avestruzes, papagaios, tarambolas marrons com três listas no pescoço, “korhaans” (tipo galinha d’Angola), gansos egípcios multicoloridos e urubus. Vimos lobos-marinhos no Rock Point, antigo ponto de destaque para os navegantes.

Vale registrar nosso encontro com elefantes, em pleno deserto. Uma família
de quatro elefantes, casal e filhotes, que nos olharam espantados. O macho fez cara feia, mas logo desistiu, naquele calor de meio dia no deserto, de atacar um bando de turistas embasbacados com a presença deles. Foi ótimo para fotos. Na área contígua ao Parque está a região chamada da “Kaokoland”, habitada pelos povos Himba, primitivos, que ainda vivem de acordo com costumes e tradições antigas. Os homens criam gado e as mulheres seminuas usam uma espécie de creme, mistura de argila vermelha, manteiga de cabra e ervas aromáticas, para cobrir o corpo e se proteger do sol forte. Nossa visita a suas pequenas casas arredondadas cobertas de barro foi uma experiência única.

As mulheres fazem belo artesanato de contas e de cestas. Nesse lugar há um oásis, chamado Puros, aonde vimos muitas girafas. Ao sul do Parque, onde aterrissamos para pegar três turistas, está a “Damaraland”, habitada pelos povos Damara, que já adotaram padrões de vida ocidentais. Nesta área há inúmeros rinocerontes negros do deserto.

Esta viagem ao Parque Nacional da Costa do Esqueleto nos ofereceu uma experiência não disponível em outras partes do mundo. O deserto é sutil e você precisa estar preparado para apreciá-lo inteiramente, andar por lugares inusitados e originais, ouvir o silêncio e curtir as noites estreladas do hemisfério sul. Estou seguro que esta viagem sempre será uma lembrança inesquecível para o resto de nossas vidas.

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