Metodologia para facilitar a Gestão Estratégica Orientada para Resultados

Com base nessa metodologia de ensino-aprendizagem foi desenvolvido um Método Ágil para concepção, elaboração, execução e acompanhamento de projetos institucionais denominado Gestão Estratégica Orientada a Resultados (GEOR). O trabalho foi desenvolvido pelo professor da Faculdade de Tecnologia Senac-DF, Marcelo Felipe Moreira Persegona.

Para disseminar o conhecimento de como executar a Metodologia GEOR foi desenvolvido uma série de treinamentos com práticas lúdicas para vivenciar as fases do Planejamento Estratégico. Uma dessas práticas é a de “Construir um avião Super Tucano da Esquadrilha da Fumaça com papel, cola e tesoura”, na qual o aluno deve elaborar uma Iniciativa Estratégica para construir o avião a partir de um Estudo de Caso que lhe entregue. Depois, deve elaborar um Plano de Ação e, finalmente, o Projeto. Tudo isso na fase de planejamento.

Após, deve elaborar os instrumentos de acompanhamento e controle: Rede Lógica de Atividades e Kanban. E no final, deve elaborar o relatório de Encerramento de Projeto e o Relatório de Lições Apreendidas.

Veja mais detalhes sobre esse trabalho no arquivo: clique aqui.

Análise ambiental utilizando a matriz SWOT

A análise da Matriz SWOT, ou Matriz FOFA, como é denominada no Brasil, é uma ferramenta para realizar análise dos ambientes interno e externo de uma organização. Esta análise faz parte da confecção do Planejamento Estratégico Institucional (PEI).

AUTOR: Prof. Dr. Marcelo Felipe Moreira Persegona[1]

Artigo publicado na Revista Nova Gestão | Vol 1

Essa ferramenta foi desenvolvida por Albert S. Humprey, da Universidade de Stanford, utilizando dados das 500 maiores empresas publicadas na revista Fortune 500, nas décadas de 1960 e 1970.

Descrição: http://assuntojuridico.files.wordpress.com/2011/01/sun-tzu.jpg

 A ideia da análise SWOT já era utilizada há mais de dois mil anos quando Sun Tzu, em sua obra “A arte da guerra”, escrita no século IV, já dizia: “Concentre-se nos pontos fortes, reconheça as fraquezas, agarre as oportunidades e proteja-se contra as ameaças”. Esses são os princípios que norteiam a análise da Matriz SWOT.

A análise da Matriz SWOT auxilia o gestor a posicionar estrategicamente a empresa no ambiente interno e externo. A análise interna: Pontos Fortes e Pontos Fracos tratam dos fatores que a empresa tem controle. Já a análise externa: Oportunidades e Ameaças abordam fatores que a empresa não tem controle (ver Figura 1).

Descrição: http://www.portaldomarketing.com.br/images/img6.jpg

Figura 1 – Ambientes e dimensões da análise da Matriz SWOT.
Fonte: Serrano (2011).

O nome dessa ferramenta deriva do acrônimo em inglês de: Strengths (S) – Pontos Fortes, Weaknesses (W) – Pontos Fracos, Opportunities (O) – Oportunidades e Threats (T) – Ameaças. A vantagem dessa ferramenta está em sua simplicidade para gerar critérios que norteiam a tomada de decisão e sistematiza o planejamento de ações estratégicas.

A maioria dos profissionais que utiliza a Matriz SWOT prefere a nomenclatura SWOT por não repetir as iniciais das dimensões analisadas, já que, em português, quando nos referimos aos Pontos Fortes e Fracos não sabemos se estamos analisando as forças ou as fraquezas, já que ambas começam com a letra “F”.

A posição de cada dimensão nos quadrantes da Matriz SWOT é um ponto que tem causado polêmica no meio acadêmico. Não há consenso sobre isso, mas usualmente se posiciona os Pontos Fortes e Fracos na mesma linha ou na mesma coluna, o mesmo ocorrendo para Ameaças e Oportunidades, ou seja, evita-se que a posição dos Pontos Forte e dos Pontos Fracos fique na diagonal da Matriz SWOT.

Abaixo são apresentadas as duas maneiras corretas de representar a Matriz SWOT:

Figura 2 – Representações da Matriz SWOT.
Fonte: Confeccionado pelo autor.

A Matriz SWOT é um instrumento muito útil na elaboração do Planejamento Estratégico Institucional. Por meio dela, pode-se relacionar quais são as forças, as fraquezas, as oportunidades e as ameaças que rondam a empresa, ajudando a gerenciá-las para melhorar o seu desempenho.

A função primordial da Matriz SWOT é possibilitar a escolha de estratégias mais adequadas para que ela alcance seus objetivos organizacionais, a partir da avaliação crítica dos ambientes internos e externos.

A definição das ações concretas a serem tomadas pela empresa para atingir os resultados esperados para um determinado período de gestão, só será especificada no momento da elaboração das estratégias e dos Planos de Ação, posteriormente à etapa de definição dos Objetivos Organizacionais e das metas. No entanto, no momento da análise dos resultados da Matriz SWOT já é possível identificar quais os conjuntos de Pontos Fortes e Fracos da empresa que devem receber mais atenção e serem trabalhados e que ação poderá ser tomada para aproveitar a atratividade das Oportunidades e minimizar o impacto das Ameaças.

Ao preencher a Matriz SWOT deve-se ter o cuidado de não confundir Pontos Fortes com Oportunidades e Pontos Fracos com Ameaças. Para evitar que isso ocorra, recomenda-se que se faça a pergunta: a empresa tem controle sobre o fator? Se a resposta for sim, é um ponto forte (potencialidade), ou um ponto fraco (ou fraqueza). Se a empresa não tiver controle, será uma ameaça ou oportunidade. Por exemplo: o salário pago acima da média de mercado e funcionários bem capacitados podem ser considerados pontos fortes já que dependem única e exclusivamente da empresa. Por sua vez, os produtos de baixa qualidade são fraquezas, já que da mesma forma só depende da empresa. Porém, o aumento da cotação do dólar deve ser considerado uma ameaça, se a empresa importa produtos, porque o câmbio não depende da empresa, por se tratar de um fator externo, mas poderá ser considerada uma oportunidade, se a empresa for exportadora de produtos e se beneficiar com o aumento do dólar.

Dessa forma, pode-se conceituar os Pontos Fortes como sendo os elementos internos que trazem benefícios para a empresa e estão sobre sua influência. Uma forma de encontrá-los é utilizando as seguintes perguntas:

  • O que sua empresa faz bem?
  • O que sua empresa tem de melhor e está sob seu comando?
  • Quais são os recursos que ela tem?
  • O que sua empresa possui melhor que seus concorrentes?
  • O que faz os clientes voltarem à sua empresa?

Lembrando que quanto maior a vantagem competitiva que um Ponto Forte traz, mais importante ele é dentro da análise.

Os Pontos Fracos são elementos internos que atrapalham, não ajudam na realização da missão da empresa e não geram vantagem competitiva. Eles também estão sobre sua influência da empresa. Podem ser identificadas fazendo as seguintes perguntas:

  • Os funcionários da empresa são capacitados para suas funções?
  • Onde a empresa deveria melhorar?
  • Por que os clientes escolhem os concorrentes?
  • Quais são as deficiências dos colaboradores da empresa?
  • Por que os clientes não voltam depois de uma compra?

Os Pontos Fracos, ou fraquezas, devem ser bem estudados e mensurados, porque muitas vezes é possível revertê-los em Pontos Fortes. Uma pequena parte dos Pontos Fracos é responsável pela maioria dos problemas da empresa.

As Oportunidades são as situações externas à empresa que podem acontecer e afetá-la positivamente, desde que reconhecidas e aproveitadas satisfatoriamente enquanto perduram, mas a empresa não tem controle sobre elas, porém, existe uma chance de elas acontecerem. As Oportunidades muitas vezes podem vir por meio de algum aspecto econômico novo, como o advento da classe média, o aumento do número de filhos dos consumidores, a melhoria da renda e do crédito, entre outros. Outro fator que pode influenciar o fomento de Oportunidades são as ações políticas do governo, como a escolha de investir em infraestrutura.

Por fim, as Ameaças são situações externas à empresa que podem atrapalhá-la e pesam negativamente, mas que poderão ou não ser evitadas, desde que reconhecidas em tempo hábil. Assim como as oportunidades, estão fora do controle da empresa, mas sabe-se que existe uma chance de acontecerem. As ameaças podem ser traduzidas como sendo o medo que existe por parte da gestão da empresa e podem ser consideradas como um desafio imposto à empresa. As ameaças possuem poder para deteriorar capacidade da empresa de gerar riqueza. Por essa razão, devem ser constantemente monitorada pelos gestores.

Uma vez elencados os elementos da Matriz SWOT, parte-se para a análise respondendo as seguintes perguntas:

  • Como a empresa pode manter os seus Pontos Fortes?
  • Como a empresa pode melhorar seus Pontos Fracos?
  • Como a empresa pode evitar ou se proteger das Ameaças?
  • Como a empresa pode aproveitar as Oportunidades ao seu favor?

1.    CRIANDO A MATRIZ SWOT

Para começar a análise da Matriz SWOT, faça a lista de itens a serem analisados nas quatro dimensões: Pontos Fortes; Pontos Fracos; Oportunidades; e, Ameaças. A lista de itens deve contemplar temas-chave como: desempenho da empresa, recursos financeiros disponíveis, recursos humanos, instalações, capacidade de produção, participação no mercado, percepções do mercado com relação à empresa, qualidade dos produtos e serviços oferecidos, preço de produtos e serviços, disponibilidade do produto no mercado, comunicação organizacional.

Utilizando um aplicativo de planilha eletrônica para automatizar os cálculos que serão necessários para análise dos quadrantes. Faça uma matriz 18×17. Essa matriz terá quatro quadrantes, conforme pode ser visto na Figura 3. Cada quadrante corresponde ao cruzamento de duas dimensões.

Sendo assim, tem-se: o primeiro quadrante (Q1) localizado no canto superior esquerdo; o segundo quadrante (Q2) localizado no canto superior direito (Q2); o terceiro quadrante (Q3) localizado no canto inferior esquerdo (Q3) e o quarto quadrante (Q4) localizado no canto inferior direito.

Figura 3 – Quadrantes da Matriz SWOT.
Fonte: Confeccionado pelo autor.

A Matriz SWOT confeccionada deverá estar de acordo com a Figura 4.

Figura 4 – Matriz SWOT.
Fonte: Confeccionado pelo autor.

A Matriz SWOT confeccionada possui sete elementos, conforme pode ser visto na Figura 5.

Figura 5 – Elementos da Matriz SWOT.
Fonte: Confeccionado pelo autor.

Para melhor compreensão, segue a descrição de cada elemento da Matriz SWOT:

  1. Lista de itens da dimensão, identificado na matriz com a cor azul escura. Os itens possuem correspondência com os itens das listas confeccionadas, por exemplo:
    1. S1 corresponde ao Ponto Forte “S1 – Os produtos têm qualidade”.
      1. W1 corresponde ao Ponto Fraco “W1 – A empresa é desconhecida no mercado”.
      1. O1 corresponde a Oportunidade “O1 – Existe mercado ainda não explorado na região de atuação da empresa”.
      1. T1 corresponde à Ameaça “T1 – A empresa tem concorrentes internacionais atuando no mercado nacional via Internet”.

E assim por diante. Como pode ser visto, os itens estão relacionados na horizontal para os Pontos Fortes e Pontos fracos, e na vertical para as Oportunidades e Ameaças.

  • A “importância” (I) está identificada com a cor verde. Seu valor indica a importância que esse item tem perante a conjuntura da empresa. E segue uma escala de 1 a 3 para sua mensuração, sendo:

3 = Muito importante, refere-se a quesitos fundamentais em termos de impacto do negócio da empresa.

2 = Importante, refere-se a quesitos de importância relativa em termos de impacto do negócio da empresa.

1 = Pouco importante, refere-se aos quesitos que, embora relacionados a impacto na empresa, não refletem significativamente na questão, devendo, de qualquer modo, ser considerados.

Embora o processo de classificação seja subjetivo, este vem a ser um reducionismo necessário para tornar a análise da Matriz SWOT mais objetiva e caracterizá-la efetivamente como técnica de análise.

  • A “magnitude” (M) está identificada com a cor azul clara. Seu valor significa o tamanho ou grandeza que o evento possui perante a empresa caso ele aconteça, ou seja, quanto esse item irá influenciar o contexto como um todo? A magnitude é ranqueada utilizando-se uma pontuação de escala de 1 a 3, onde:

           3 = Alta.

           2 = Média.

           1 = Baixa.

  • Resultado ponderado (IxM) está identificado pela cor amarela. O resultado é obtido pela multiplicação da Importância x Magnitude do Item. Os elementos com valores mais altos devem receber maior atenção.
  • Área de relação entre os itens das dimensões está identificada pelas células marrons, azul claro, púrpura e laranja. Os critérios de pontuação são:

           0 = Correlação nula.

           1 = Correlação positiva.

           2 = Correlação muito positiva.

  • Somatório dos itens avaliados, identificado pela cor branca. É obtida a partir do somatório dos valores atribuídos pela relação dos itens e depois multiplicado pelo resultado ponderado (IxM) de cada um dos itens das dimensões.
  • Somatório do quadrante é o somatório dos valores do somatório dos itens avaliados identificados pelo

Observação: Todos os itens da Matriz SWOT descritos são repetidos em cada um dos quadrantes.

2.    PASSO-A-PASSO DA MATRIZ SWOT

A análise da Matriz SWOT é realizada em dois momentos distintos e subsequentes. No primeiro momento, é analisada a situação da empresa e, no segundo momento, geram-se propostas de estratégias de intervenção sobre os fatores identificados.

Dessa forma, siga os seguintes passos para preencher a Matriz SWOT:

  1. Para começar, nomeie um moderador para coordenar os trabalhos.
  2. Forme grupos para realizar a análise.
  3. Identifique os Pontos Fortes, Pontos Fracos, Oportunidades e Ameaças da empresa utilizando a técnica de Brainstorming.
  4. Faça a lista desses Pontos Fortes, Pontos Fracos, Oportunidades e Ameaças.
  5. Classifique os Pontos Fortes, Pontos Fracos, Oportunidades e Ameaças dentro da Matriz SWOT. Na Matriz SWOT, a linha e a coluna “Itens” estão vinculadas aos itens das listas criadas.
  6. Atribua a cada item um valor para sua importância dentro da empresa. Esse valor está na faixa de 1 a 3, onde 1 é pouco importante; 2 é importante e 3 é muito importante.
  7. Verifique a magnitude desse item dentro da empresa e atribua um valor (de 0 a 2). A magnitude é a abrangência que o item de impacto tem na empresa. Ele pode impactar toda a empresa, então magnitude = 2, ou um departamento ou área da empresa, então magnitude = 1; ou sem abrangência, então magnitude = 0.
  8. Na linha/coluna (IxM), configure para que calcule automaticamente o resultado. A fórmula a ser utilizada é “Importância x Magnitude”. Esse resultado, quanto maior, indica que esse item tem que receber mais atenção. Essa análise permite identificar os Pontos Fortes que ainda não foram utilizados e os Pontos Fracos que devem ser corrigidos. Também permite à empresa identificar quais são as Oportunidades que permitirão tirar vantagens competitivas para seu posicionamento no mercado e quais Ameaças deve evitar ou trabalhar para minimizar seus impactos.
  9. No “Quadrante 1”, correlacione os itens da Oportunidade com os Pontos Fortes, atribuindo os valores 0, 1 ou 2; onde 0 = Correlação nula; 1 = Correlação positiva e 2 = Correlação muito positiva. Faça a correlação para todos os quadrantes. No “Quadrante 2”, correlacione os itens da Oportunidade com os Pontos Fracos. No “Quadrante 3”, correlacione os itens da Ameaças com os Pontos Fortes. No “Quadrante 4”, correlacione os itens da Ameaças com os Pontos Fracos. Para realizar a atribuição do valor da correlação, responda à pergunta do quadrante apresentado na Figura 6.

A ponderação dos somatórios é realizada para definir os quadrantes com maior pontuação, que indicará a urgência com que as decisões devem ser tomadas.

Figura 6 – Perguntas dos Quadrantes.
Fonte: Confeccionado pelo autor.

  1. Após atribuir a importância e magnitude para cada item e dos valores de correlação, efetue a análise e observe os resultados obtidos (somatório dos valores da coluna x valor do (IxM)).
    1. Na coluna do somatório dos itens dos Pontos Fortes, quanto maior o resultado, maior é essa força.
    1. Na coluna do somatório dos itens dos Pontos Fracos, quanto maior o resultado, maior é essa fraqueza.
    1. Na linha do somatório dos itens das Oportunidades, quanto maior o resultado, mais acessível está essa oportunidade.
    1. Na linha do somatório dos itens das Ameaças, quanto maior o resultado, maior será o impacto dessa ameaça para a empresa.

Faça que este resultado seja calculado automaticamente na planilha eletrônica.

  1. Faça a análise dos quadrantes e verifique em qual se encontra a empresa. Para isso, verifique os somatórios de cada quadrante e identifique qual é o quadrante com o maior somatório. Esse quadrante é aquele no qual se encontra a empresa. Portanto, as suas estratégias são as que a empresa deve se empenhar em realizar.
  1. Faça a análise das Oportunidades e Ameaças utilizando a Matriz de Oportunidades e a Matriz de Ameaças.
  1. Identifique os Fatores Críticos de Sucesso da empresa.
  1. Faça a verificação da situação da empresa. Esta verificação é feita por meio da seguinte fórmula: Situação da empresa = Somatório Q1 + Somatório Q2 – Somatório Q3 + Somatório Q4

A empresa será classificada em uma escala de menção, com cinco faixas de valores, conforme pode ser observado na Figura 7:

  • Excelente (10 e 9).
  • Muito Boa (8 e 7).
  • Boa (6 e 5).
  • Regular (4 e 3).
  • Ruim (2 e 1).

Exemplo:

Figura 7 – Classificação da situação da empresa.
Fonte: Confeccionado pelo autor.

  1. Concluída a análise situacional da empresa, prepare os Planos de Ação com as propostas de ações estratégicas que incidirão nos fatores identificados nas quatro dimensões. Utilize a Metodologia 5W2H para confeccionar os Planos de Ação. Ao preparar os Planos de Ação, considere:
  2. As potencialidades que devem ser fortalecidas, usadas, maximizadas.
  3. As fraquezas devem ser eliminadas ou compensadas.
  4. As oportunidades devem ser aproveitadas.
  5. As ameaças devem ser evitadas ou seus efeitos devem ser minimizados.
  6. Crie, também, um Dashboard com gráficos para cada uma das dimensões, assim como automatize as análises dos itens da Matriz SWOT de maneira a ter um diagnóstico rápido e preciso da empresa.

3.    EXTRAÇÃO DE ESTRATÉGIAS

A utilização da Matriz SWOT permite a formulação de estratégias consistentes para empresa. Essas estratégias são formuladas dentro de quatro perspectivas: Desenvolvimento; Crescimento; Manutenção e Sobrevivência, ver Figura 8, de forma a identificar os pontos mais relevantes.

Figura 8 – Estratégias extraídas da Matriz SWOT.
Fonte: Confeccionado pelo autor.

Como pode ser observado na Figura 8, a correlação das Oportunidades com os Pontos Fortes permite formular estratégias de Desenvolvimento, também denominada de Estratégias Prospectivas. Por sua vez, a correlação das Oportunidades com os Pontos Fracos permite formular estratégias de Crescimento, também conhecidas como Estratégias Reativas. Já a correlação das Ameaças com os Pontos Fortes permite formular estratégias de Manutenção, também denominadas de Estratégias Analíticas. E finalmente, a correlação das Ameaças com os Pontos Fracos permite formular estratégias de Sobrevivência, conhecidas também pela denominação de Estratégias Defensivas.

O Termo PFOA (Potencialidades, Fragilidades, Oportunidades e Ameaças) se utiliza na análise para cruzar os dados obtidos nos quadrantes. Assim, podemos criar quatro estratégias de melhoria:

  • PO: Potencialidades x Oportunidades.
  • PA: Potencialidades x Ameaças.
  • FO: Fraquezas x Oportunidades.
  • FA: Fraquezas x Ameaças.

O objetivo da análise da Matriz SWOT é:

  • Aproveitar os Pontos Fortes (Potencialidades) nas Oportunidades que surgirem.
  • Utilizar os Pontos Fortes (Potencialidades) para evitar as Ameaças.
  • Melhorar os Pontos Fracos (Fraquezas) para aproveitas as Oportunidades.
  • Eliminar os Pontos Fracos (Fraquezas) para evitar as Ameaças.

A partir da identificação do quadrante no qual se encontra a empresa, é possível elaborar a estratégia mais adequada a ser adotada. Tal estratégia é definida a partir do somatório dos quadrantes, com destaque para o quadrante que apresentar a maior pontuação. As estratégias podem ser de:

  • Sobrevivência: refere-se à adoção de medidas que visam à redução de custos (água, telefone, colaboradores etc.), ao desinvestimento (utilização dos recursos financeiros em atividades não relacionadas à finalidade da empresa) ou à liquidação do negócio.
  • Manutenção: refere-se à adoção de estratégias de estabilidade (voltadas para a busca do equilíbrio financeiro), de nicho (foco em grupo específico dentro de um setor econômico) ou de especialização (com o incentivo ao desenvolvimento de alta tecnologia).
  • Crescimento: refere-se às estratégias voltadas para a inovação, a internacionalização e para a formação de Joint Ventures.
  • Desenvolvimento: refere-se às estratégias voltadas para o desenvolvimento de novos mercados, à geração de novos produtos e serviços, à diversificação de atividades e ao desenvolvimento da capacidade tecnológica das organizações.

A Matriz SWOT também permite formular outras interpretações da análise das dimensões, tais como a identificação da Alavancagem, Vulnerabilidades, Restrições e Problemas (VALIM et al, s/d).  A Figura 9 apresenta esta outra interpretação da Matriz SWOT.

Figura 9 – Novas interpretações extraídas da Matriz SWOT.
Fonte: VALIM et al (s/d).

A estratégias de Alavancagem ocorrem quando um Ponto Forte se encontra com uma Oportunidade. A identificação de Problema ocorre quando as Ameaças atacam um Ponto Fraco. A Restrição ocorre quando os Pontos Fracos impedem o aproveitamento de uma Oportunidade. E a Vulnerabilidade quando uma Ameaça se encontra com um Ponto Forte (VALIM et al, s/d).

4.    ANÁLISE DAS OPORTUNIDADES E DAS AMEAÇAS

Também é possível realizar a análise das oportunidades e ameaças. As oportunidades podem se analisadas com relação a sua probabilidade de sucesso e sua atratividade para empresa. No caso das ameaças, pode se verificar a sua probabilidade de ocorrência e gravidade para empresa. A Figura 10 apresenta a Matriz de Oportunidades e a Figura 11 a Matriz de Ameaças.

Figura 10 – Matriz de Oportunidades.
Fonte: VALIM et al. (s/d).

Figura 11 – Matriz de Ameaças.
Fonte: VALIM et al (s/d).

Essas duas matrizes permitem identificar as principais oportunidades e ameaças que a empresa enfrenta, possibilitando a sua gestão.

4.1. MATRIZ DE OPORTUNIDADES

A Matriz de Oportunidades está composta de quatro quadrantes. O quadrante 1 está localizado no canto superior esquerdo. E nele estão relacionadas as oportunidades que a empresa deve perseguir. O quadrante 2 está no canto superior direito, nele, estão as oportunidades que devem ser monitoradas. O mesmo ocorre com o quadrante 3, localizado no canto inferior esquerdo. As oportunidades localizadas no quadrante 4 são as oportunidades que a empresa pode desprezar porque possuem pouca probabilidade de sucesso e baixa atratividade (VALIM et al, s/d).

As oportunidades são analisadas sob duas dimensões, Atratividade e Probabilidade de Sucesso. Essas dimensões possuem duas possíveis menções: Alta e Baixa, conforme pode ser visto na Figura 10.

4.2. MATRIZ DE AMEAÇAS

A Matriz de Ameaças está composta de quatro quadrantes. O quadrante 1 está localizado no canto superior esquerdo. E nele estão relacionadas as ameaças que podem prejudicar a empresa. As ameaças neste quadrante merecem a preparação de Plano de Contingência que detalhe o que a empresa deve fazer para fazer frente às situações identificadas. As ameaças do quadrante 2, localizado no canto superior direito, e as do quadrante 3, localizado no canto inferior esquerdo, não merecem a confecção de Plano de Ação, mas exigem que a empresa os monitore cuidadosamente, pois existe a possibilidade de elas se agravarem. As ameaças localizadas no quadrante 4, a empresa pode ignorar porque possuem pouca probabilidade de ocorrência e baixa gravidade(VALIM et al, s/d).

As ameaças são analisadas sob duas dimensões, Gravidade e Probabilidade de ocorrência. Essas dimensões possuem duas possíveis menções: Alta e Baixa, conforme pode ser visto na Figura 11.

5.    ESTUDO DE CASO: EMPRESA ASAS AOS SONHOS LTDA.

Esse estudo de caso proposto é para apresentar o método de análise da Matriz SWOT. Será realizado passo-a-passo para que o leitor possa acompanhar e entender cada um dos passos para a análise da Matriz SWOT.

5.1. CONTEXTUALIZAÇÃO DA EMPRESA

A Empresa Asas aos Sonhos Ltda. é uma empresa brasileira atuante no ramo de modelismo de aeronaves, aviões e helicópteros. Está localizada na cidade de Brasília/DF e possui 2 anos de experiência no ramo de modelismo de aeronaves.

A empresa produz réplicas de aeronaves em papel, isopor e espuma. Atualmente, a empresa produz aeronaves sem motor e sem controle remoto. São brinquedos para crianças a partir de 3 anos de idade a 100 anos. O portfólio da empresa está composto de duas linhas de produtos: quebra-cabeças 3D e aeronaves para voo a partir de lançamento manual.

Foi realizada uma pesquisa de mercado e constatou-se que, nesse ramo de produção de brinquedos, não existe no país nenhuma fábrica produzindo esse tipo de produto. Contudo, existe essa linha de produtos na China, os quais são vendidos no Brasil via Internet e despachados ao cliente via correio. A encomenda demora aproximadamente 15 dias. O preço é bastante competitivo.

Também existem empresas nacionais que importam esses brinquedos da China e os revende no mercado nacional. O tempo de entrega é menor, mas o preço é mais alto.

A Empresa Asas aos Sonhos Ltda. já realizou a produção de alguns protótipos e testou alguns materiais para sua produção, tais como papel de 70 gramas, papel de 90 gramas, papel de 120 gramas e papel de 180 gramas, assim como isopor e chapas de espuma de poliuretano.

  A missão da empresa é atender às necessidades dos clientes, com produtos muito realistas para realizar os sonhos dos clientes, oferecendo qualidade e atendimento ágil a preços competitivos na região do Centro-Oeste do Brasil.

A Empresa Asas aos Sonhos Ltda. deseja realizar uma análise de Matriz SWOT para descobrir a situação da empresa e as chances de sucesso dos seus produtos no mercado da região Centro-Oeste do Brasil. A partir dos resultados, confeccionar estratégias que possam posicionar a empresa de forma competitiva no mercado.

5.2. ANÁLISE DA MATRIZ SWOT DA EMPRESA ASAS AOS SONHOS LTDA.

1. Crie a lista de itens a serem analisados na Matriz SWOT. Para fins didáticos, iremos trabalhar com listas de cinco itens para cada dimensão, levando em consideração os temas-chaves.

2. Com as listas preenchidas, agora vá a Matriz SWOT, atribua a importância e a magnitude aos itens. Veja que os itens da lista são precedidos de um código que os identifica na Matriz. Isso é feito para diminuir a poluição visual que causaria à escrita, na integra, dos itens.

3. Faça a correlação entre as dimensões da Matriz SWOT.

4. Identifique os itens de maior relevância de cada dimensão. No nosso estudo de caso são:

  • Pontos Fortes: S4, S5, S1, S2 e S3.
  • Pontos Fracos: W4, W5, W1, W3 e W2.
  • Oportunidades: O4, O1, O5, O3 e O2.
  • Ameaças: T1, T2, T3, T4 e T5.

Os Pontos Fortes e Fracos nos indicam os Fatores Críticos de Sucesso (FCS), são eles:

  • S4 = O negócio possui possibilidade de crescimento.
  • S5 = A empresa possui acesso a recursos financeiros próprios.
  • W4 = A estrutura operacional da empresa é precária.
  • W5 = A empresa não possui maquinário adequado à necessidade de automação da sua produção.

As Oportunidades e Ameaças que a empresa deve prestar atenção no ambiente externo são:

  • O4 = Os recursos de matéria-prima para produção são abundantes e de fácil acesso.
  • O1 = Existe mercado ainda não explorado na região de atuação da empresa.
  • T2 = Mão-de-obra escassa para a produção dos produtos.
  • T1 = A empresa tem concorrentes internacionais atuando no mercado nacional via Internet.

5. Faça a análise da Matriz SWOT para a extração das estratégias de Desenvolvimento, Crescimento, Manutenção e Sobrevivência.

  • Estratégias para Desenvolvimento que podem ser extraídas da análise de correlação são:
  1. S1 X O4 – Adquirir matéria-prima de qualidade para a produção dos produtos.
  2. S4 x O1 – Expandir o negócio na região de atuação da empresa.
  3. S4 x O4 – A empresa deve verificar a capacidade dos fornecedores em atender o crescimento da demanda da empresa em matéria-prima.
  4. S4 x O5 – A empresa deve avaliar o uso de crédito financeiro com baixas taxas de juros para crescimento do negócio.
  5. S5 x O1 – Empresa deve utilizar seus recursos financeiros para expandir a empresa em regiões não exploradas.
  6. S5 x O4 – A empresa deve avaliar a aquisição de matéria-prima com seus recursos financeiros.

Itens considerados na formulação das estratégias de desenvolvimento:

  • S1 – Os produtos têm qualidade.
  • S4 – O negócio possui possibilidade de crescimento.
  • S5 – A empresa possui recursos financeiros próprios.
  • O1 – Existe mercado ainda não explorado na região de atuação da empresa.
  • O4 – Os recursos de matéria-prima para produção são abundantes e de fácil acesso.
  • O5 – Disponibilidade de crédito financeiro com baixas taxas de juros.
  • Estratégias para Crescimento:
    1. W1 x O1 – Tornar a empresa conhecida na região de sua atuação.
    2. W3 x O5 – Realizar ações de captação de clientes utilizando crédito financeiro para isso.
    3. W4 x O1 – Investir na infraestrutura operacional para poder crescer o negócio.
    4. W4 x O5 – Pegar crédito financeiro com baixas taxas de juros para melhorar a infraestrutura operacional.
    5. W5 x O1 – Para crescer a área de atuação da empresa deve investir em automatização da sua produção.
    6. W5 x O4 – Para aumentar a produção, a empresa deve adquirir mais matéria-prima.

Itens considerados na formulação das estratégias de crescimento:

  • W1 – A empresa é desconhecida no mercado.
  • W3 – A carteira de clientes é pequena.
  • W4 – A estrutura operacional da empresa é precária.
  • W5 – A empresa não possui maquinário adequado à necessidade de automação da sua produção.
  • O1 – Existe mercado ainda não explorado na região de atuação da empresa.
  • O4 – Os recursos de matéria-prima para produção são abundantes e de fácil acesso.
  • O5 – Disponibilidade de crédito financeiro com baixas taxas de juros.
  • Estratégias para Manutenção:
    • T1 x S1 – Manter e aumentar a qualidade dos produtos.
    • T2 x S1 – Investir na capacitação dos funcionários para produção de produtos com qualidade.
    • T4 x S1 – Apresentar aos revendedores os produtos da empresa destacando a qualidade dos produtos.
    • T4 x S5 – Deixar os produtos em consignação com os revendedores com prazo para pagamento.
    • T5 x S1 – Escolher um canal de distribuição que não danifique os produtos entregues pela logística.
    • T5 x S4 – A empresa deve crescer onde haja canal de distribuição que não danifique os produtos entregues pela logística.

Itens considerados na formulação das estratégias de manutenção:

  • T1 – A empresa tem concorrentes internacionais atuando no mercado nacional via Internet.
    • T2 – Mão-de-obra escassa para a produção dos produtos.
    • T4 – Os revendedores possuem pouco interesse pelo produto.
    • T5 – Canal de distribuição do produto precário.
    • S1 – Os produtos têm qualidade.
    • S2 – Os funcionários possuem competências singulares.
    • S3 – A localização da empresa é privilegiada.
    • S4 – O negócio possui possibilidade de crescimento.
  • Estratégias para Sobrevivência:
    • T1 x W1 – Fazer campanha de divulgação da empresa, inclusive via Internet.
    • T1 x W2 – Aumentar o portfólio de produtos para concorrer com as empresas internacionais no mercado nacional.
    • T1 x W4 – Melhorar a estrutura operacional para poder concorrer com as empresas internacionais.
    • T1 x W5 – Adquirir maquinário adequado para automação da produção para poder concorrer com as empresas internacionais.
    • T2 x W3 – Aumentar a contratação de mão-de-obra para atender o aumento da carteira de clientes.
    • T3 x W1 – Tornar a empresa conhecida no mercado e no público-alvo.
    • T3 x W3 – Aumentar a carteira de clientes por meio da divulgação da empresa na região de atuação.
    • T4 x W1 – Aumentar o interesse dos revendedores pelos produtos da empresa por meio de campanha de divulgação da empresa.
    • T4 x W2 – Aumentar o interesse dos revendedores pelos produtos por meio do aumento do portfólio de produtos.

Itens considerados na formulação das estratégias de sobrevivência:

  • T1 – A empresa tem concorrentes internacionais atuando no mercado nacional via Internet.
    • T2 – Mão-de-obra escassa para a produção dos produtos.
    • T3 – Desconhecimento do produto pelos clientes.
    • T4 – Os revendedores possuem pouco interesse pelo produto.
    • W1 – A empresa é desconhecida no mercado.
    • W2 – O portfólio de produtos é pequeno.
    • W3 – A carteira de clientes é pequena.
    • W4 – A estrutura operacional da empresa é precária.
    • W5 – A empresa não possui maquinário adequado à necessidade de automação da sua produção.
  • Faça a análise dos Quadrantes para identificar em qual está localizado a empresa.

Nesse estudo de caso, a empresa se encontra no quadrante de Sobrevivência.

Nesse quadrante, as Ameaças e os Pontos Fracos se encontram revelando os problemas que a empresa possui e que impactam o seu negócio.

  • Faça a identificação da situação da empresa. A empresa do nosso estudo de caso está em uma situação “Ruim”, haja vista que alcançou uma pontuação igual a 2.
  • Faça a análise das oportunidades utilizando a Matriz de Oportunidades. As oportunidades identificadas para a empresa Asas aos Sonhos Ltda. foram:
Nr O Oportunidades (O)
O1 Existe mercado ainda não explorado na região de atuação da empresa.
O2 Políticas governamentais favoráveis à abertura de pequenas empresas.
O3 Diminuição de taxas e impostos para pequenas empresas.
O4 Os recursos de matéria-prima para produção são abundantes e de fácil acesso.
O5 Disponibilidade de crédito financeiro com baixas taxas de juros.

Aplicando a Matriz de Oportunidades, verifica-se a seguinte situação:

  • Oportunidades que a empresa deve perseguir:
    • O1 – Existe mercado ainda não explorado na região de atuação da empresa.
    • O3 – Diminuição de taxas e impostos para pequenas empresas.
    • O4 – Os recursos de matéria-prima para produção são abundantes e de fácil acesso.
  • Oportunidades que a empresa deve monitorar:
    • O2 – Políticas governamentais favoráveis à abertura de pequenas empresas.
    • O5 – Disponibilidade de crédito financeiro com baixas taxas de juros.
  • Oportunidades que a empresa deve desprezar:
    • Nenhuma identificada.
  • Faça a análise das ameaças utilizando a Matriz de Ameaças.

As ameaças identificadas para a empresa Asas aos Sonhos Ltda. foram:

Nr O Ameaças (T)
T1 A empresa tem concorrentes internacionais atuando no mercado nacional via Internet.
T2 Mão-de-obra escassa para a produção dos produtos.
T3 Desconhecimento do produto pelos clientes.
T4 Os revendedores possuem pouco interesse pelo produto.
T5 Canal de distribuição do produto precário.

Aplicando a Matriz de Ameaças, verifica-se a seguinte situação:

  • Ameaças que a empresa deve confeccionar Planos de Contingência:
    • T1 – A empresa tem concorrentes internacionais atuando no mercado nacional via Internet.
    • T5 – Canal de distribuição do produto precário.
  • Ameaças que a empresa deve monitorar:
    • T2 – Mão-de-obra escassa para a produção dos produtos.
    • T3 – Desconhecimento do produto pelos clientes.
  • Ameaças que a empresa deve ignorar:
    • T4 – Os revendedores possuem pouco interesse pelo produto.
  1. Identifique os Fatores Críticos de Sucesso da empresa Asas aos Sonhos Ltda.

Os Fatores Críticos de Sucesso (FCS) para a empresa Asas aos Sonhos Ltda. são:

  • S1 – Os produtos devem ter qualidade.
  • S2 – Os funcionários devem possuir competências singulares.
  • S3 – A localização da empresa deve ser privilegiada.
  • S4 – O negócio deve crescer.
  • S5 – A empresa deve possuir recursos financeiros próprios.
  • W1 – A empresa deve ser conhecida no mercado.
  • W2 – O portfólio de produtos deve ser grande.
  • W3 – A carteira de clientes tem que aumentar.
  • W4 – A estrutura operacional da empresa deve ser melhorada.
  • W5 – A empresa deve possuir maquinário adequado à necessidade de automação da sua produção.
  1. Confeccione o dashboard da Matriz SWOT.

O dashboard, ou Painel de Controle, são gráficos que apresentam as diversas dimensões da Matriz SWOT para o gestor para que ele possa medir e controlar os ambientes interno e externo.

Para o nosso caso de estudo, apresenta-se o seguinte dashboard:

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Existem inúmeras abordagens para realizar a análise da Matriz SWOT. Aqui apresentamos uma delas. A metodologia proposta é o resultado da adaptação da metodologia de diversos autores.

A relevância do uso da Matrix SWOT está no fato de possibilitar aos gestores empresariais preverem eventuais impactos nas suas empresas. As mudanças no ambiente externo estão totalmente fora de controle da empresa e podem afetá-la (positiva ou negativamente) no seu desempenho e forma de atuação. Sempre que uma empresa percebe que o ambiente externo está se modificando e ela possui mecanismos para monitorar essas mudanças, poderá, com maior agilidade, se adaptar a essa nova realidade, sabendo aproveitar melhor as oportunidades e minimizar as consequências das ameaças.

Já a análise interna propõe a identificação dos principais Pontos Fortes e Pontos Fracos que caracterizam a empresa em um determinado momento. Tal situação é extremamente importante, pois possibilita o monitoramento do ambiente interno da empresa. A identificação das forças e fraquezas está diretamente relacionada com os fatores críticos de sucesso da empresa.

Dentro desse contexto, a utilização da Matriz SWOT configura-se em uma etapa essencial para que qualquer Planejamento Estratégico obtenha sucesso.

Feita a análise a partir da matriz SWOT, uma empresa tem melhores chances de alcançar seus objetivos e traçar novos para explorar de forma vantajosa suas forças e aproveitar com presteza as oportunidades, assim como descobrir as suas fraquezas e ameaças, e, a partir deles, formular suas melhores estratégias para competir no mercado, considerando suas competências internas e o ambiente externo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CASTRO, Cláudio Henrique de. Matriz SWOT (análise) – Guia completo. Disponível em: <http://www.sobreadministracao.com/matriz-swot-analise-guia-completo/>. Acesso em: 30 nov. 2013.

CONCEPCIONISTAS. Método para construção e análise da matriz SWOT. Disponível em: <http://www.concepcionistas.com.br/sigesc/ANALISESWOT.pdf>. Acesso em: 30 nov. 2013.

LUZ. Como Desenvolver uma Matriz ou Análise SWOT (FOFA). Disponível em: <http://blog.luz.vc/marketing/como-desenvolver-uma-matriz-ou-analise-swot-fofa/>. Acesso em: 30 nov. 2013.

SERRANO, Daniel Portillo. Análise SWOT – A Matriz FOFA – Análise PFOA. 09/12/2011. Disponível em: <http://www.portaldomarketing.com.br/Artigos/Analise_SWOT_Matriz_FOFA.htm>. Acesso em: 30 nov. 2013.

VALIM, Alexandre et al. O Modelo SWOT. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/producao-academica/analise-swot/3060/download/>. Acesso em: 30 nov. 2013.


[1][1] Marcelo Felipe Moreira Persegona é doutor em Política e Gestão Ambiental pela Universidade de Brasília (2010) e mestre em Desenvolvimento Sustentável com ênfase em Política e Gestão de Ciência e Tecnologia pela Universidade de Brasília (2005) e graduado em Ciência da Computação pela Universidade Católica de Brasília (1998).

Atualmente, é professor da Faculdade SENAC, associado à Associação Brasileira dos Analistas de Inteligência Competitiva, pesquisador da Universidade de Brasília e da American Association for the Advancement of Sciences nos temas de Ciência e Tecnologia e Desenvolvimento Sustentável.

Composição dos gastos públicos e os efeitos sobre a desigualdade nos estados da faixa de fronteira no Brasil

No presente trabalho, realizou-se um estudo empírico da composição dos gastos públicos e sua relação com a desigualdade social nos 11 (onze) estados brasileiros que integram a faixa de fronteira no Brasil, no período de 1995 a 2010. Caracterizou-se a faixa de fronteira do Brasil e explicou-se a sua divisão nos arcos norte, central e sul. Os gastos públicos foram segregados pela sua classificação funcional e utilizados no estudo a proporção das despesas em relação aos gastos totais nas funções Segurança Pública e Defesa Nacional, Educação, Saúde e Transporte, buscando-se a relação de cada função na desigualdade social dos estados da região de fronteira. No presente trabalho verificou-se que os gastos na classificação funcional Segurança Pública e Defesa Nacional apresentam relação negativa com significância estatística no índice Theil de desigualdade para os estados da faixa de fronteira. Verificou-se a existência de uma relação não linear entre o crescimento econômico da região de fronteira e a função Segurança e Defesa, sendo de 8,69% a proporção máxima dos gastos para que os mesmos sejam produtivos.

AUTOR: Demóstenes Jonatas De Azevedo Junior

Artigo publicado na Revista Nova Gestão | Vol 1

1. INTRODUÇÃO

Segundo Devarajan, Swaroop e Zou (1996), os países em desenvolvimento gastam em média 26% do PIB em suas despesas gerais. As constantes restrições orçamentárias e ajustes fiscais exigem cada vez mais dos gestores públicos tomada de decisões que impliquem uma redução de gastos e uma composição orçamentária que seja mais eficaz. Os autores acima também expressam em seu estudo que a composição dos gastos públicos possui um efeito sobre o crescimento econômico dos países em desenvolvimento e utilizam as despesas públicas em Saúde, Educação, Comunicações, Transporte e Segurança e Defesa como explicativas do crescimento.

A escolha e delimitação da região de fronteira do Brasil para o estudo deve-se ao fato de que as drogas e armas que abastecem as nossas capitais chegam ao país através de nossas fronteiras, por outro lado, estudos de Andrade e Resende (2011) apontam a desigualdade social e indicadores socioeconômicos não satisfatórios como um fator de aumento da criminalidade não só no Brasil, como também em outros países do mundo.

O aumento da violência no país tem instigado pesquisadores de diversas áreas do conhecimento à busca de soluções que reduzam os indicadores de criminalidade a níveis aceitáveis. Nesse contexto os delitos transfronteirícios são responsáveis por grande parcela dos crimes no Brasil, não só na faixa de fronteira, como também nos grandes centros. Uma boa alocação de recursos orçamentários na faixa de fronteira do Brasil pode contribuir para uma diminuição da desigualdade na região e a consequente diminuição da criminalidade no país.

O objetivo do presente trabalho é realizar um estudo empírico da composição dos gastos públicos e sua relação com a desigualdade nos 11 (onze) Estados brasileiros que integram a faixa de fronteira no Brasil, no período de 1995 a 2010. Dessa forma, analisou-se a decomposição dos gastos dos estados na faixa de fronteira nas classificações funcionais Segurança Pública e Defesa, Educação, Saúde e Transporte, no período de 1995 a 2005, sem analisar o efeito tamanho e sim a sua proporção em relação ao PIB total e os efeitos dessa composição, no período de 1996 a 2010, bem como a existência de uma relação não linear entre a proporção dos gastos e a desigualdade na região de estudo.

Utilizaram-se dados do período de 1996 a 2010 para informações sobre índice de Theil, que reflete a desigualdade, e de 1995 a 2005 para a composição dos gastos públicos, tendo como base de dados as informações disponíveis na base de dados do IPEA Data; para estimação e análise, utilizaram-se estatística descritiva e a metodologia de análise de dados longitudinais em painel.

2 – Faixa de Fronteira no Brasil

2.1  –  Papel do Estado e Caracterização da Faixa de Fronteira no Brasil  

No início da civilização, quando as famílias viviam isoladas, lutando apenas pela sobrevivência, o Estado não existia. Somente quando as sociedades tornaram-se mais complexas, com muitos agrupamentos humanos a disputar um número infinitamente maior de necessidades, é que se tornou indispensável a criação do Estado, uma vez que sem um poder que disciplinasse a distribuição dos bens e garantisse a ordem interna, só os mais fortes sobreviviam. Assim, a sociedade transferiu a essa instituição por ela organizada parte de seu poder de ação e de sua liberdade, para que, através das leis, da aplicação da justiça e do recolhimento dos impostos, fosse garantida a ordem interna e promovido o atendimento às necessidades básicas de toda a população.

O Estado, como se pode concluir, foi criado com o objetivo de regular e disciplinar as relações entre os membros de uma sociedade, tendo como missão garantir a sobrevivência e o bem-estar geral da população; sendo uma criação da própria sociedade, com o intuito de servi-la.

Como definido na Lei 6.634/79 a faixa de fronteira no Brasil é caracterizada como a faixa interna de 150km de largura, paralela à linha divisória terrestre do território nacional.

Essa faixa abrange um total de 11 estados, 588 municípios em uma linha reta de 16.399 quilômetros, representando um total de 2,5 milhões de quilômetros quadrados, o que equivale a 28% do território nacional.

Hirata (2015) informa que atualmente as políticas públicas para a região fronteiriça do Brasil focam na segurança pública, principalmente pelo grande apelo nacional para o combate aos chamados crimes e ilícitos transfronteiriços, como tráfico de drogas, tráfico de pessoas e o contrabando de produtos informais.

Em 2004, o Ministério da Integração Nacional teve a iniciativa de criar o Programa de Promoção de Desenvolvimento da Faixa de Fronteira, que buscou, com uma visão integrada das fronteiras brasileiras, ações de desenvolvimento integrado no campo do desenvolvimento sub-regional, de arranjos produtivos locais, infraestrutura, capacitação de agentes públicos e o incentivo ao associativismo e as organizações sociais. As questões de segurança e defesa não foram abordadas de forma direta nesse programa, porém, o documento cita que as principais ameaças na faixa de fronteira são a miséria da população e a ação continuada do crime organizado.

Segundo Hirata (2015), ultimamente as políticas de combate às drogas se deslocaram para a faixa de fronteira, locais de origem dessas mercadorias, que possuem como destino os grandes centros como Rio de Janeiro e São Paulo. No entendimento dessa dinâmica, é preciso observar o hibridismo existente entre as áreas de Segurança Pública e Defesa Nacional. Dessa forma os ilícitos transfronteiriços possuem reflexo direto na necessidade de repressão ao tráfico de drogas nas grandes cidades do país.

Após esses primeiros ensaios sobre a atuação do Estado na faixa de fronteira em junho de 2011, ocorre a instituição do Plano Estratégico de Fronteiras e do Programa ENAFRON, que trouxe o planejamento de ações integradas entre os órgãos de Segurança Pública e Defesa na faixa de fronteira sob a coordenação do Ministério da Defesa e do Ministério da Justiça, bem como o planejamento e implantação do Sistema de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON), que visa prover a região com meios de sensoriamento.

2.2 – Programa de Promoção do Desenvolvimento da Faixa de Fronteira (PPDF)

No conjunto das iniciativas do governo federal para o desenvolvimento da faixa de fronteira, em 2005 é estabelecido o Programa de Promoção do Desenvolvimento da Faixa de Fronteira, que possui como objetivo “promover o desenvolvimento da faixa de fronteira por meio de sua estruturação física, social e produtiva, com ênfase na ativação das potencialidades locais na articulação com outros países” (BRASIL, 2005).

O programa baseia-se em quatro grandes vetores: a) fortalecimento institucional; b) desenvolvimento econômico integrado; c) cidadania; e d) marco regulatório.

O PPDF também divide a faixa de fronteira em três grandes arcos e espaços sub-regionais, que possuem características intrínsecas semelhantes.

                 Figura 1     Fonte Brasil (2005)

3 – Fundamentação teórica   

3.1 – Crescimento Econômico e Criminalidade

Existem vários estudos no Brasil e no mundo que indicam uma forte relação entre desenvolvimento e desigualdade com criminalidade. Segundo Freeman (1994, apud Andrade e Resende, 2011, p.174) existe uma retomada da discussão sobre os determinantes da criminalidade em um contexto de crescimento da violência. Analisando a situação dos Estados Unidos nos anos oitenta, evidenciou-se que o alto nível de aprisionamentos da época não acompanhou uma redução dos níveis de criminalidade na mesma proporção, porém, os indicadores socioeconômicos do país deterioraram-se, concluindo-se que a criminalidade poderia ser resultado de piores condições econômicas.

Andrade e Resende (2011) reforçam que, apesar dos trabalhos que tentam associar a criminalidade a altos níveis de desemprego não serem conclusivos, existem vários trabalhos em diversas épocas, locais e utilizando metodologias diferentes, que sugerem uma relação entre a violência e a desigualdade de renda.

Segundo Andrade e Resende (2011), no Brasil, existem estudos que utilizam os dados do datasus, porém, evidenciam somente indicadores de criminalidade que não estão alinhados com a desagregação dos dados de criminalidade, por tipos de crime, utilizados em outros países. Apesar de a literatura internacional ainda apresentar discordância em relação a esses estudos, eles apresentam de forma recorrente uma relação forte e positiva, atribuindo a desigualdade de renda como determinante do crime.

Hagan e Petersen (1995, apud Loureiro, Mendonça e Sachsida, 2003, p. 2) trazem o conceito de privação relativa aos estudos de criminalidade, onde os indivíduos de menor renda sentem uma sensação de frustação ao perceberem a prosperidade do outro.

3.2 – Efeitos dos Gastos Públicos no Crescimento Econômico: Aspectos Teóricos e Empíricos

Diversos estudos no Brasil e no mundo tentam identificar uma relação entre gastos públicos e seus efeitos no crescimento econômico, com o objetivo de obter-se uma alocação eficiente desses gastos.

Devarajan, Swaroop e Zou (1996) tratam, em artigo seminal, da relação entre composição dos gastos públicos e crescimento econômico. Os autores colocam que poucos pesquisadores estudam o tamanho do governo e o crescimento econômico e, quando o tema é composição dos gastos e crescimento, a quantidade de estudiosos é menor ainda.

Devarajan, Swaroop e Zou (1996), realizaram uma análise empírica nos dados anuais de 43 países, no período de 1970 a 1990, para analisar o efeito dos componentes das despesas públicas e o crescimento econômico. Os autores utilizaram as despesas com defesa, educação, saúde, transporte e comunicações como uma única variável, como uma proxy dos gastos em infraestrutura.

Aschauer (1989, apud Devarajan, Swaroop e Zou, 1996, p320), em seus estudos, fez um achado que despesas com infraestrutura, tais como estradas, aeroportos, transporte de massa, etc, possuíram elevada relação com a produtividade nos Estados Unidos, no período de 1949 a 1985.

Segundo Devarajan, Swaroop e Zou (1996), os resultados para a composição dos gastos públicos em países desenvolvidos e países em desenvolvimento são distintos; quando os países em desenvolvimento são analisados de forma isolada, os resultados são drasticamente diferentes.

Existem alguns modelos econômicos na literatura para tentar explicar a relação entre gasto público e crescimento econômico. Silva e Triches (2014) propuseram uma regressão econométrica, utilizando-se do processo de log-linearização. Primeiramente buscou-se verificar a influência da categoria de gastos, ou seja, uma regressão tendo como variáveis explicativas a proporção dos gastos em Despesas Correntes e de Capital em relação ao PIB, e, posteriormente, uma nova regressão utilizando como variáveis explicativas as diversas funções de despesa analisadas sobre o ponto de vista proporcional em relação ao PIB.

Segue abaixo os modelos econométricos utilizados por Silva e Triches (2014).

  …………………………..(1)

 (1)……………………………..(2)

Onde todas as variáveis foram transformadas em logaritmo, de forma que os coeficientes estimados permitem que sejam interpretados em termos de elasticidade. A variável dependente é o produto interno bruto (PIB) do Brasil em termos reais. O conjunto de variáveis explicativas inclui:

(i) Descorry: despesas públicas da União correntes em proporção ao PIB;

(ii) Descapy: despesas públicas da União com capital em proporção do PIB;

(iii) Educy: proporção dos gastos da União com educação sobre o PIB;

(iv) Comy: proporção dos gastos da União com comunicação sobre o PIB;

(v) Sausy: proporção dos gastos da União com saúde e saneamento sobre o PIB;

(vi) Defsy: proporção dos gastos da União com defesa nacional e segurança pública sobre o PIB;

(vii) Enermy: proporção dos gastos da União com energia e recursos minerais sobre o PIB;

(viii) Transpy: proporção dos gastos da União em transporte sobre o PIB;

(ix) Assprevy: proporção dos gastos da União em assistência e previdência social sobre o PIB.

O termo  acima no final de cada equação de regressão é o erro aleatório, com média zero e variância constante.

Giuberti e Rocha (2007) buscaram primeiramente fazer uma divisão entre gastos produtivos e não produtivos, utilizando-se do modelo de Devarajan (1996), que não define no início das estimações qual o gasto seria produtivo e improdutivo.

Os autores assumem uma função de utilidade com forma isoelástica, com o objetivo de obtenção de informações analíticas. Após isso, os autores sugerem a derivação entre a taxa de crescimento steady-state pela parcela do gasto do governo destinada a g1. Dessa forma define-se como gasto produtivo aquele que leva a um aumento na taxa de crescimento steady-state da economia. Assim, chegou-se à definição de que, para uma mudança na composição do gasto público aumentar, a taxa de crescimento deve ter uma relação de elasticidade de substituição.

Além dessa distinção entre gastos produtivos e improdutivos, Giubert e Rocha (2007) sugerem uma regressão para verificar os efeitos de cada função do gasto público no crescimento econômico, utilizando-se da Metodologia de Painel, com efeitos fixos, para isolar os efeitos específicos de cada estado e a utilização de dummies de ano, para controlar os efeitos da descontinuidade orçamentária nos anos.

Segue abaixo o modelo econométrico utilizado por Giubert e Rocha (2007)

Onde:

Yit é a taxa média de crescimento per capita anual para o período de cinco anos adiante.

O resultado dessa especificação da variável dependente é que o modelo estimado abrange o período de 1986 a 1998, pois, em 1998, Yit é a média de crescimento anual para o período de 1999 a 2003, último ano da amostra. Os dados do PIB per capita estadual são do IBGE e foram obtidos por meio do banco de dados disponibilizados pelo IPEA.

αi – corresponde aos efeitos específicos de cada estado.

γt – representa as variáveis constantes entre os estados, mas que variam no tempo. No modelo estimado, corresponde às dummies de ano.

Xit – consiste de todas as variáveis independentes:

1) (GT/PIB) é parcela do gasto total do governo no PIB para o estado i no período t.

2) (G/GT) é um vetor de razões do gasto público para o estado i no período t, ou seja, a participaçãp de cada tipo de gasto no gasto total. Tanto os dados relativos aos gastos dos governos estaduais quanto a classificação dos mesmos foram obtidos por meio da Execução Orçamentária dos Estados, disponibilizados pelo Tesouro Nacional. A classificação econômica do gasto público é baseada no tipo ou característica econômica do gasto e formada por: i) gastos correntes, que inclui salários, outros bens e serviços, etc; ii) gastos de capital, que são os gastos com compras ou produção de bens duráveis. Embora a categoria gastos correntes inclua também o pagamento de juros, estes foram desconsiderados por não estarem sob controle do Estado, representando em parte herança de governos anteriores. Além disso, esse vetor inclui a classificação do gasto por função do governo. Especificamente, foram consideradas as frações referentes às despesas com saúde, educação, defesa (que engloba os gastos com segurança pública) e transporte e comunicação (como medida para infraestrutura).

3.3 – Indicadores de Desigualdade

Monastério (2011) propõe alguns indicadores, com larga aceitação na literatura internacional, para a mensuração da desigualdade regional.

O coeficiente de variação possui o objetivo de medir o grau de desigualdade regional utilizando-se da renda per capita, este indicador possui grande utilização nos estudos de convergência, para analisar se no geral as diferenças de renda estão crescendo.

Este coeficiente utiliza-se dos dados da renda per capita da região e análise da renda per capita nacional e do número de regiões analisadas.

Coeficiente de variação

Figura 2 ……………………………………………..Fonte Monastério ( 2011, p 316)

Segundo Monastério (2011), um outro indicador utilizado para mensuração da desigualdade regional é o índice de Williamson, que possui a vantagem de evitar que regiões com pequenos contingentes de população distorçam o indicador. Ele utiliza o coeficiente de variação populacional e pondera pela parcela da população de cada região.

Índice de Williamson

Figura 3 …………………Fonte Williamson (1965, apud Monastério, 2011, p. 316)

Outro índice utilizado nas análises de desigualdade é o índice de Theil, que possui bastante uso nos estudos de evolução da desigualdade regional, a grande vantagem do índice é que conseguimos medir desigualdade intra e inter-regional.

Variações do Índice de Theil:

Figura 4 ………………….Fonte Williamson (1965, apud Monastério, 2011, p. 317)

4 – Metodologia

No presente artigo, propõe-se a mesma modelagem econométrica utilizada por Giuberti e Rocha (2007), no seu artigo sobre composição do gasto público, sendo que, ao invés da divisão por estados desenvolvidos e não desenvolvidos, será utilizado como universo amostral os estados da faixa de fronteira. Em relação às funções do orçamento, serão utilizadas: segurança pública e defesa, educação, saúde e transporte, pela relevância na região de estudo.

4.1 Modelo empírico básico

Para análise da composição dos gastos públicos e a desigualdade nos 11 (onze) estados da faixa de fronteira e a influência da alocação dos gastos em 4 (quatro) categorias funcionais de despesas públicas (Segurança e Defesa, Educação, Saúde e Transporte) neste crescimento, organizou-se um painel composto destes Estados (Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, Rondônia, Roraima, Rio Grande do Sul e Santa Catarina), no período de 1995 a 2010.

Foi utilizada a base de dados do IPEA Data para o estudo.

Com o objetivo de analisar a influência da proporção dos gastos das diversas funções nos gastos totais e não o tamanho do gasto, utilizou-se como variáveis explicativas as quatro categorias funcionais de despesas públicas citadas acima, como proporção dos gastos totais e não o seu montante.

No presente artigo, utilizou-se os modelos de dados em painel usando o método de efeitos fixos.

A equação estimada tem a seguinte forma:

Onde:

Th it  é a taxa média de crescimento do Índice de Theil (mede desigualdade) anual para o período de 5 anos à frente.

Essa taxa média abrange o período de 2000 a 2010, as variáveis explicativas utilizadas abrangem o período de 1995 a 2005, dessa forma possibilitando a defasagem necessária para que o efeito do gasto se concretizasse. Os dados do índice de Theil foram extraídos do IPEA-Data.

αi     Corresponde aos efeitos específicos de cada Estado

    Corresponde as dummies de ano

Xit     É o conjunto de todas as variáveis independentes

εit          Resíduo da equação

1) (GT/PIB)it  é a parcela do gasto total do governo no PIB para o Estado i no tempo t.

2) ( G/GT) it       é um vetor de razões do gasto público, para cada função de despesa pública no gasto total, para o Estado i no período t. Os dados dos gastos do governo totais e por função foram obtidos no site do IPEA Data.

5 – Resultados Empíricos

Passaremos a análise exploratória dos dados empíricos do modelo econométrico proposto no presente artigo.

Utilizaram-se dummies de ano, para controlar os efeitos comuns que afetam o crescimento de diferentes estados.

Tabela 1 – Composição dos gastos do Governo e desigualdade nos 11 (onze) estados da faixa de fronteira do Brasil.

Obs: *, **, *** significam que as variáveis são estatiscamente significantes aos níveis 1%, 5% e 10%, respectivamente

Fonte: Elaboração própria do autor

Passaremos a analisar o ambiente geográfico objeto do estudo, os estados que compõe a faixa de fronteira do Brasil. Da análise podemos observar que a função segurança e defesa possui relação negativa, com significância estatística em 1%, enquanto transporte possui relação positiva, com significância estatística em  5%, sendo que as demais funções não possuem significância estatística.

Para verificação da proporção ideal de gasto público de cada função, buscou-se também uma especificação não linear do modelo, com o objetivo de averiguar-se se maiores proporções de recursos orçamentários trariam resultados positivos, ou vice-versa.

Tabela 2 – Composição dos gastos do Governo e desigualdade para os Estados da Faixa de Fronteira – Modelo com especificação não linear.

Variáveis Explicativas Coef – Efeitos Fixos  
SegDef -1,8524 *
SegDef2 11,02927 *
Educ 0,6905735  
Educ2 -1,928649  
Saude -0,0296671  
Saude2 0,0206752  
Trnp 0,0642882  
Trnp2 0,3246867  
1996 0,004178  
1997 -0,0071708  
1998 -0,0130855  
1999 0,001035  
2000 -0,0082237  
2001 -0,0178853  
2002 -0,0061435  
2003 -0,0031083  
2004 -0,0050109  
2005 0,0073747  
Constante 0,0046136  
Nr de Observações 121  

Obs: *, **, *** significam que as variáveis são estatiscamente significantes aos níveis 1%, 5% e 10%, respectivamente   

Fonte: Elaboração própria do autor

Quando analisamos a especificação acima, verificamos que a desigualdade é uma função decrescente da variável Segurança e Defesa, porém, é uma função crescente do seu valor ao quadrado, sendo que ambos os coeficientes possuem significância estatística de 1%. Dessa forma observamos que a relação existente entre desigualdade e a variável SegDef é não linear.

Para a determinação da proporção ideal do gasto de cada função usaremos a especificação abaixo, apresentada por Devarajan et all (1996) apud Giuberti e Rocha (2007):

Para uma variável xj específica, seu efeito máximo é dado pelo ponto.

A variável SegDef, que possui uma relação não linear, apresenta um efeito negativo sobre a desigualdade e, a partir de determinado ponto, efeito positivo, e utilizando os parâmetros estimados, este limite seria 8,39% dos gastos totais. A média geral de gastos na função Segurança e Defesa foi de 7,77%, percentual próximo e inferior ao ponto máximo, o que explica o efeito positivo com significância estatística da função na região.

Na análise,  as demais variáveis não apresentam significância estatística.

6. CONCLUSÕES

No que concerne à relação entre desigualdade e composição dos gastos públicos nos estados que compõe a faixa de fronteira do Brasil, podemos obter as seguintes conclusões.

A função Segurança e Defesa é de fundamental importância para a diminuição da desigualdade da região e apresenta relação negativa com significância estatística em 1%. Ela influi diretamente na diminuição da desigualdade e na sensação de bem-estar de toda a região, o que faz com que as pessoas trabalhem de forma mais produtiva; na especificação não linear, verificou-se que existe um limite para esses gastos, e, para que eles não se tornem improdutivos, nas especificações realizadas, este limite é de 8,69% dos gastos totais. A média de gasto no período para os estados da faixa de fronteira foi de 7,77%. Para uma perfeita composição e efeitos virtuosos, recomenda-se o respeito ao limite máximo de gastos.

As despesas analisadas no presente artigo foram da esfera de governo estadual, a inclusão da esfera federal, com seus projetos iniciais de desenvolvimento da faixa de fronteira, pode no médio prazo contribuir para a diminuição da desigualdade na região.

Como sugestão de pesquisas futuras, fica a sugestão de estudos da relação entre composição dos gastos públicos e criminalidade nesta mesma área geográfica, principal entrada dos ilícitos no Brasil.

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[1] Bacharel em Ciências Militares. Bacharel em Contabilidade – UPIS-DF. Pós-Graduado em Controladoria e Auditoria – UPIS-DF. Pós-Graduado em Comércio Exterior e Negócios Internacionais – FGV. Mestre em Operações Militares – EsAO- Mestre em Integração Econômica Regional e Global – Universidade Internacional de Andaluzia – Espanha. Mestre em Economia de Empresas -Universidade Católica de Brasília.

Trilhas de aprendizagem aplicada à educação corporativa e a gestão por competências¹

O objetivo deste artigo é apresentar o modelo de trilhas de aprendizagem no contexto da educação corporativa, conferindo a esse modelo maior vantagem de utilização frente às grades de treinamento. Foram abordados, também, aspectos que v que verificam se, de fato, as trilhas de aprendizagem atendem melhor às demandas dos novos cenários flexíveis e mutáveis das organizações. Buscou-se mostrar, a partir de análise de revisão bibliográfica, a importância da educação corporativa para o desenvolvimento das organizações, levando-se em consideração o desafio do aprendizado contínuo, contrapondo os modelos tradicionais de treinamento e desenvolvimento. Foram descritos, desse modo, os conceitos de trilhas de aprendizagem, bem como suas características, vantagens e especificidades na visão de alguns autores, relacionando-os à gestão por competências e ressaltando como eles podem ser uma melhor alternativa no cenário contemporâneo em que há grandes e rápidas mudanças. Concluiu-se, dessa forma, que as trilhas de aprendizagem conferem certa autonomia e flexibilidade, além de oportunidade de autodesenvolvimento contínuo, em oposição à heteronomia imposta pelas grades de treinamento.

AUTORES:
Edson Furtado 2
Ivy Santiago de Moura 3
Jhonatas Araújo  4
Leidiane Rodrigues 5
Aline Branquinho Silva

Artigo publicado na Revista Nova Gestão | Vol 1

INTRODUÇÃO

As inúmeras críticas referentes à atuação das áreas de treinamento, desenvolvimento e educação, especialmente pelo caráter tecnicista de algumas de suas atividades exigem significativas mudanças no desenvolvimento de tecnologias em TD&E. Nesse sentido, a gestão baseada em competências tem sido apontada como um modelo gerencial alternativo aos instrumentos atualmente utilizados pelas organizações, e as trilhas de aprendizagem parecem se ajustar melhor à lógica das competências, sobretudo por conferir certa autonomia às pessoas em contraponto à heteronomia imposta pelas tradicionais grades de treinamento (FREITAS E BRANDÃO, 2006).

As organizações que se preocupam com a aprendizagem dos seus colaboradores tendem a ser mais desenvolvidas e competitivas, pois investem no capital intelectual existente, aumentando sua competitividade.

Até pouco tempo, a aprendizagem no contexto corporativo não era vista ou não chamava tanto atenção para a maioria dos estudiosos. No entanto, esse quadro foi sendo mudado com o passar dos anos, pois, na era do conhecimento, os empregados se tornaram um ativo intangível cada vez mais valioso. De simples executor de tarefas, o empregado passou a ser visto como colaborador e cliente interno, demonstrando sua importância na sobrevivência das organizações, havendo assim uma mudança de paradigma, pois, nesse momento, nota-se que os empregados podem, além de pensar, gerar conhecimento para as organizações. 

Em busca de novos modelos e estudos que tratam da aprendizagem de adultos no contexto corporativo e que não sejam pautados na rigidez e na mecanicidade, surgiram as trilhas de aprendizagem como alternativa às grades de treinamento.

Sendo assim, a questão que se buscou responder foi a seguinte: No novo cenário flexível e mutável das organizações, as trilhas de aprendizagem são uma alternativa às grades de treinamento?

Nesse sentido, o objetivo geral deste artigo foi analisar se o modelo de trilhas de aprendizagem é uma alternativa inovadora e moderna às antigas práticas de treinamento e desenvolvimento.

Os objetivos específicos, por sua vez, têm o propósito de definir e conceituar trilhas de aprendizagem, relacionando-as com a gestão por competências; definir as características e especificidades do modelo de desenvolvimento “trilha de aprendizagem”; além de listar as vantagens das trilhas de aprendizagem como alternativa de desenvolvimento de competências organizacionais e individuais no contexto da educação corporativa.

REFERENCIAL TEÓRICO

1  Educação corporativa como estratégia de desenvolvimento

O desenvolvimento de pessoas em organizações é uma categoria que congrega processos cujo objetivo é o de estimular e criar condições para o desenvolvimento das pessoas e das organizações. Para Dutra (2010), as organizações mais abertas e participativas têm melhores condições de criar nas pessoas uma relação de compromisso com seus valores e objetivos. Em contrapartida, as organizações mais controladoras e autoritárias têm grande dificuldade de construir esse comprometimento.

O modelo de educação corporativa surgiu então dessa necessidade de substituir os modelos de treinamento e desenvolvimento, baseados no tradicional modelo de gestão de pessoas, a qual tem sua gênese nos movimentos da administração científica, que buscavam a pessoa certa para o lugar certo e estão ancorados no controle como referencial para encarar a relação entre as pessoas e a organização. Tanto é, que “aprendizagem no contexto corporativo pode ser entendida como a aquisição de conhecimentos, habilidades, valores, convicções e atitudes que acentuem a manutenção, o crescimento e o desenvolvimento da organização” (GUNS, 1998, p. 33).

 Os programas educacionais, segundo Éboli (2004), sempre existiram, mas normalmente eles eram restritos aos níveis gerenciais e à alta administração. Para a grande maioria dos funcionários, havia programas de treinamento pontuais.

Nesse sentido, para Meister (1999) e Éboli (2004), com a implementação das universidades corporativas (UC’s), houve uma mudança de paradigma frente aos tradicionais centros de treinamento e desenvolvimento como: o objetivo principal passa a ser desenvolver as competências críticas do negócio em vez de habilidades individuais; o foco do aprendizado privilegia o contexto organizacional, fortalecendo a cultura corporativa e o conhecimento coletivo, e não apenas o individual. O escopo concentra-se nas necessidades dos negócios, tornando-o estratégico, e não focado exclusivamente nas necessidades individuais. As UC´s concebem e desenham ações e programas educacionais a partir das estratégias de negócios, ou seja, a identificação das competências críticas empresariais passa a ser a ênfase dos programas. No que tange ao público-alvo, adota-se o conceito de educação inclusiva, desenvolvendo competências críticas no público interno e externo (familiares, clientes, fornecedores, distribuidores, parceiros comerciais e comunidade), e não somente nos funcionários. A alternativa quanto ao local onde se dá o processo de educação pode ser um projeto virtual e não necessariamente um ambiente físico. E, por fim, consideram como resultados dessas ações, o aumento da competitividade empresarial e não apenas habilidades individuais.

Há que se considerar, assim, as forças que sustentaram o crescimento da importância das universidades corporativas, segundo Meister (1999):

  • Organizações flexíveis – A emergência da organização não hierárquica, enxuta e flexível, com capacidade de dar respostas rápidas ao turbulento ambiente empresarial.
  • Era do conhecimento – o advento e a consolidação da economia do conhecimento, na qual conhecimento é a nova base para a formação de riqueza nos níveis individual, empresarial ou nacional.
  • Rápida obsolência do conhecimento – A redução do prazo de validade do conhecimento associada ao sentido de urgência.
  • Empregabilidade – o novo foco na capacidade de empregabilidade\ocupacionalidade para a vida toda em lugar do emprego para toda vida.
  • Educação para estratégia global – uma mudança fundamental no mercado da educação global, evidenciando-se a necessidade de formar pessoas com visão global e perspectiva internacional dos negócios.

Nesse sentido, a missão de uma universidade corporativa consiste em formar e desenvolver os talentos na gestão dos negócios, promovendo a gestão do conhecimento organizacional (geração, assimilação, difusão e aplicação) através de um processo de aprendizagem ativa e contínua (ÉBOLI, 2004, p.149).

Na aplicação do sistema de educação corporativa nas organizações, Éboli (2004) lista sete princípios que dão um enfoque conceitual e metodológico para a concepção, a implantação e a análise de projetos nesse contexto de um modo geral tais quais: competitividade, perpetuidade, conectividade, disponibilidade, cidadania, parceria e sustentabilidade.

A competitividade significa buscar continuamente elevar o patamar de competitividade empresarial através da instalação, desenvolvimento e consolidação das competências críticas, empresarias e humanas.

Perpetuidade, por sua vez, diz respeito à conservação, transmissão, disseminação, reprodução ou até mesmo transformação das crenças e valores organizacionais, para perpetuar a existência da empresa.

O princípio da conectividade busca intensificar a comunicação empresarial, a nível interno junto aos colaboradores tanto verticalmente quanto horizontalmente e, a nível externo, frente aos cenários político e econômico.

O princípio da disponibilidade visa influenciar a prevalência de recursos educacionais de fácil acesso e uso, propiciando condições favoráveis e concretas para que os colaboradores realizem a aprendizagem “a qualquer hora e em qualquer lugar”, estimulando-os assim a se responsabilizarem pelo processo de aprendizagem contínua e autodesenvolvimento.

A educação corporativa tem também, através do princípio da cidadania, o papel de estimular a formação de atores sociais, ou seja, sujeitos capazes de refletirem criticamente sobre a realidade organizacional, de construí-la continuamente e de atuarem pautados por postura ética e socialmente responsável.

Nessa perspectiva, a fim de desenvolver continuamente as competências críticas dos colaboradores, faz- se necessária à utilização de parcerias internas (com líderes e gestores) e externas (universidades, clientes e fornecedores) com ideia e interesse comuns na educação desses colaboradores.

Outro aspecto importante é buscado pelo princípio da sustentabilidade, no qual se vislumbra a necessidade de as empresas buscarem fontes alternativas de recursos que permitam um orçamento próprio e autossustentável, diminuindo assim as vulnerabilidades do projeto de educação corporativa, a fim de viabilizar um sistema de educação realmente contínuo e, portanto, instalar e desenvolver nos colaboradores (internos e externos) as competências consideradas críticas para a viabilização das estratégias de negócio, promovendo um processo de aprendizagem ativo e permanente vinculado aos propósitos, valores, objetivos e metas empresariais. Esse modelo de educação passa, pois, a ser um ponto de intersecção para ações estratégicas e de transformação cultural estratégica.

Dessa forma, educação corporativa, na conceituação de Éboli (2004), é um sistema de formação de pessoas pautado por uma gestão de pessoas com base em competência, devendo, portanto, instalar e desenvolver nos colaboradores (internos e externos) as competências consideradas críticas para a viabilização das estratégias de negócio, promovendo um processo de aprendizagem ativo e permanente vinculado aos propósitos, valores, objetivos e metas empresariais.

Para ilustrar a evolução do paradigma da educação nas organizações, o quadro 1 de Meister (1999) se faz relevante.

Quadro 1: Mudança de Paradigma do Treinamento para a Aprendizagem.

Antigo paradigma de treinamento Paradigma da aprendizagem no século XXI.
Prédio   Local Aprendizagem disponível sempre que solicitada em qualquer lugar, a qualquer hora.
Atualizar qualificações técnicas Conteúdo Desenvolver competências básicas do ambiente de negócios
Aprender ouvindo   Metodologia Aprender agindo
Funcionários internos Público-alvo Equipes de funcionários, clientes e fornecedores de produtos.
Evento único   Frequência Processo contínuo de aprendizagem.
Desenvolver o estoque de qualificações do indivíduo.   Meta Solucionar problemas empresariais reais e melhorar o desempenho no trabalho.

Fonte: Meister, Jeanne C, 1999, com adaptações.

No quadro apresentado, nota-se a substituição do modelo de T&D tradicional, pela aprendizagem conceituada, a educação corporativa, mostrando uma nova estrutura ao ambiente de aprendizagem, tornando-o mais estratégico, uma significativa mudança de responsabilidade gerencial.

2 Contribuições do modelo de gestão por competências para educação corporativa

Como a noção de educação corporativa nasceu atrelada ao modelo de gestão de pessoas por competências e não à gestão de pessoas por cargos, faz-se necessário o entendimento de alguns pressupostos relativos ao modelo de competências.

Segundo Fleury e Fleury (2001), gestão por competência é a aplicação sinérgica de conhecimentos, habilidades e atitudes no trabalho, que evidencia a interdependência e a complementaridade entre os três elementos, gerando assim um desempenho profissional, que por sua vez é expresso pelos comportamentos que a pessoa manifesta no trabalho, por meio de realizações e resultado.

Segundo Chiavenato (2006), o conhecimento depende de aprendizagem. As pessoas precisam ter oportunidades maiores – além do simples mecanismo de treinamento convencional – para aprender mais e mais. Aprender continuamente  para aumentar seu conhecimento e seu capital intelectual. Mas o conhecimento para ser útil precisa ser aplicado, isto é, transformado em ação. Isso leva à habilidade- capacidade de utilizar o conhecimento para agregar valor. Algumas habilidades importantes são: capacidade de aprender e de reaprender por conta própria; de analisar, sintetizar e avaliar situações; de se comunicar, ter pensamento crítico, criatividade e inovação; de identificar e resolver problemas e conflitos; de tomar decisões, trabalhar em equipe, ter cultura de qualidade e excelência; de saber usar de maneira eficiente a tecnologia da informação etc. Mas a habilidade sozinha não funciona em ambientes desfavoráveis à sua implementação. Ela requer atitudes das pessoas para que possa ser colocada em prática. Isso leva à competência- capacidade de utilizar o conhecimento para agregar valor e fazê-lo acontecer na organização por meio da mudança e da inovação, mesmo em situações desfavoráveis.

Nesse sentido, o conceito que parece ter aceitação mais ampla tanto no meio acadêmico como no ambiente empresarial é o seguinte: competências representam combinações sinérgicas de conhecimento, habilidades e atitudes, expressas pelo desempenho profissional, dentro de determinado contexto organizacional (DURAND, 2000; NISEMBAUM, 2000; SANTOS, 2001 apud ABBAB, BORGES-ANDRADE E MOURA, 2006).

O conhecimento para esses autores corresponde a um conjunto de informações reconhecidas e integradas pelo indivíduo dentro de um esquema preexistente. Ou seja, é o saber que a pessoa adquiriu ao longo de sua vida. A habilidade, no entanto, está relacionada à capacidade de fazer uso produtivo do conhecimento, ou seja, de instaurar conhecimentos e utilizá-los em uma ação. Em um compêndio mais simplificado, significa o “saber fazer” algo. A atitude refere-se a aspectos sociais e afetivos relacionados ao trabalho. Para Gagné et al (1988 apud ABBAB, BORGES-ANDRADE e MOURA, 2006), as atitudes são estados complexos do ser humano que afetam o comportamento em relação a pessoas, coisas e eventos, determinando a escolha de um curso de ação pessoal. Pode ser simplificado assim, como o “querer fazer” do indivíduo. Dessa forma, a competência é a finalidade em si só e a aprendizagem, o meio pelo qual essa competência é adquirida.

A partir da ideia de que a competência é uma combinação sinérgica, Carbone et al. (2006) enfatiza  que a competência não é somente o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para exercer determinada atividade, mas também o desempenho expresso em comportamentos e realizações decorrentes da aplicação desse conjunto.

Picarelli (2009) considera que, quando uma organização adota a gestão por competência como modelo para gerir pessoas, ela automaticamente agrega objetivos que ajuda a organização a:

• Entender, organizar e disseminar os conhecimentos ligados aos negócios e estratégias da empresa.

• Garantir a disseminação dos conhecimentos em meio ao quadro de funcionários, promovendo a evolução profissional e beneficiando a empresa com flexibilidade, agilidade,  inovação e velocidade.

• Monitorar a efetividade da disseminação do conhecimento para que a organização alcance o ponto ótimo da relação: formação do capital humano x valor agregado + objetivo alcançado.

• Ser instrumento de comunicação das mensagens de atitudes, conhecimentos e habilidades esperadas em relação a cada empregado.

• Formar base de dados confiável de cada empregado através de resultados das avaliações, tornando-a disponível para a organização.

• Servir valiosas informações para as necessidades de treinamento e desenvolvimento, plano de sucessão, movimentação na carreira, seleção interna e externa e remuneração.

• Comprometer a liderança na gestão efetiva e no desenvolvimento da sua equipe.

Todos esses objetivos apresentados têm o envolvimento das competências, seja ela nos âmbitos dos conhecimentos, das habilidades e das atitudes.

Como o desenvolvimento de competências ocorre por meio da aprendizagem, parece fundamental para as organizações o desenvolvimento de mecanismos para ampliar, ao mesmo tempo, a capacidade e a velocidade de aprendizagem de seus empregados.

Para Boterf (1999 apud FREITAS E BRANDÃO 2005), o desenvolvimento de competências profissionais depende basicamente de três fatores: do interesse do indivíduo por aprender, de um ambiente de trabalho e de um estilo de gestão que incentivem a aprendizagem e do sistema de formação disponível ao indivíduo.

  As competências agregam valor econômico e valor social a indivíduos e à organização, na medida em que contribuem para a consecução de objetivos organizacionais e expressam o reconhecimento social sobre a capacidade de determinada pessoa (BRANDÃO E GUIMARÃES, 2001; ZARIFAN, 1999).

O importante, nesse sentido, é “agregar constantemente novas competências que sejam fundamentais para o sucesso do negócio da empresa sob pena de investir em treinamento sem retorno para as necessidades reais da organização” (CHIAVENATO, 2006).  Para esse autor também é necessário que as organizações identifiquem suas competências para que possam sobreviver em um mundo onde a concorrência é crucial.

Nessa perspectiva, tal autor explica a necessidade do surgimento da gestão por competências, afirmando ser esse um programa sistematizado e desenvolvido no sentido de definir perfis profissionais que proporcionam maior produtividade e adequação ao negócio, identificando os pontos de excelência e os pontos de carência, suprindo lacunas e agregando conhecimento, tendo por base certos critérios objetivamente mensurados.

A gestão por competências procura, assim, substituir o tradicional levantamento de necessidades de treinamento por uma visão das necessidades futuras do negócio e de como as pessoas poderão agregar valor à empresa. Esse modelo gerencial tem sido utilizado, conforme Brandão e Bahry (2005), de forma estratégica pelas organizações, por meio do gerenciamento dos gaps ou das lacunas de competências, que se refere à diferença entre as competências necessárias à consecução dos objetivos organizacionais e às competências já disponíveis na organização.

3 Conceito e vantagens da implantação de trilhas de aprendizagem como alternativa às de grades de treinamento

Baseados no resultado do mapeamento de competências e no surgimento dos gaps são criados planos de desenvolvimento para os colaboradores. Seria mais motivador, produtivo e prazeroso se o empregado pudesse eleger, dentre diversas opções de aprendizagem disponíveis a mais adequada para si (LE BOTERF, 1999 apud ABBAB, BORGES-ANDRADE e MOURA, 2006), pois segundo Abbab, Borges-Andrade e Moura (2006), cada indivíduo tem seus gostos e preferências, e adotar a estratégia-desenvolvimento mais apropriada para si faz parte não só da identificação da pessoa com o trabalho que realiza, mas também da busca de harmonia entre os interesses pessoais e organizacionais.

Para Freitas (2002), trilhas de aprendizagem são caminhos alternativos e flexíveis para promover o desenvolvimento pessoal e profissional. Nesse sentido, Junqueira (2000) cita que aprender pode ser entendido como “aumentar a competência por meio da experiência adquirida ao se seguir uma trilha”. Assim, o ato do indivíduo de seguir um percurso de ação para o seu desenvolvimento profissional está, em outras palavras, construindo uma trilha de aprendizagem.

As trilhas de aprendizagem são seguidas conforme expectativas do indivíduo com base nas aspirações pessoais e de crescimento profissional, suas necessidades, conveniências, e de acordo também com as competências que já possui e as que ainda necessita desenvolver (FREITAS, 2002).

Levando em consideração todas essas variáveis, o profissional elege, dentre os recursos educacionais disponíveis, aqueles mais adequados aos seus objetivos e aos estilos de aprendizagem de sua preferência. Assim, as trilhas de aprendizagem constituem uma estratégia para desenvolver competências voltadas para o aprimoramento do desempenho atual e futuro. (FREITAS; BRANDÃO, 2006, p. 102).

Tomando por base que um dos pressupostos dessa abordagem é de que o sistema social deve ser aberto ao ambiente social (FREITAS E BRANDÃO, 2006; LE BOTERF, 1999 apud BRANDÃO 2009), as alternativas de aprendizagem que compõem uma trilha não precisam se restringir a ações formais de TD&E disponibilizadas pela organização. Além de cursos de capacitação tradicionais, podem compor uma trilha: treinamento autoinstrucionais, estágios, reuniões de trabalho, viagens de estudo, seminários, jornais, livros, filmes, vídeos e outros meios alternativos como intercâmbio de conhecimentos com colegas de outras organizações, bem como palestras disponíveis na comunidade (LE BOTERF, 1999 apud BRANDÃO 2009).

Seguindo essa linha, Abbab, Borges-Andrade e Moura (2006) reafirmam que trilhas de aprendizagem, oferecem ao indivíduo múltiplas opções de capacitação, assim como autonomia para escolha daquelas mais apropriadas às suas necessidades e conveniências. Ainda segundo ele, a organização não mais impõe o que o indivíduo tem que fazer, mas sim apresenta um leque de opções para o desenvolvimento de competências relevantes à sua atuação. Assim, diferente das grades de treinamento que tem a ordem de obrigatoriedade e geralmente estão vinculadas ao desempenho de um cargo específico, a sistemática das trilhas de aprendizagem propõe conciliar as necessidades da organização com as aspirações de seus membros.

Os autores Abbab, Borges-Andrade e Moura (2006) consideram que grades de treinamento podem ser analogamente comparadas a celas de uma prisão, na medida em que submetem o trabalhador a uma condição de heteronomia. As trilhas de aprendizagem remetem à ideia de liberdade, de autonomia para construir o próprio caminho (FREITAS e BRANDÃO, 2006). As celas de uma prisão impõem um ambiente fechado ao indivíduo, assim como ocorre com as grades de treinamento, nas quais as opções de aprendizagem são restritas e impostas pela organização independentemente das necessidades e preferências de cada pessoa. Trilhas de aprendizagem, por sua vez, oferecem ao indivíduo múltiplas opções de capacitação, assim como autonomia para escolha daquelas mais apropriadas às suas necessidades e conveniências.

Além disso, como as trilhas se vinculam à formação de competências, geralmente extrapolam as necessidades de um cargo específico, contribuindo para o desenvolvimento integral e contínuo da pessoa e para o desempenho de papéis ocupacionais mais amplos (FREITAS, 2002). Nesse sentido, trilhas de aprendizagem representam também estratégias para o desenvolvimento da carreira profissional, constituindo planos de carreira.

Freitas (2002) analisa ainda o modelo de grades de treinamento como ineficiente, pois as pessoas são submetidas obrigatoriamente a elas, fazendo com que, além de demonstrar o controle psicossocial da organização sobre o processo de desenvolvimento do indivíduo, considera que todas as pessoas são iguais no que se referem à motivação, aspirações profissionais, objetivos de carreira, competências e experiência. Além disso, muitas vezes o profissional é designado para participar de cursos em áreas de conhecimento que já possui formação e experiência, gerando assim ineficácia e desperdício de recursos.

A noção de trilhas de desenvolvimento profissional colabora para que o processo de aprendizagem se realize de acordo com os interesses da organização e do aprendiz, pois focaliza essencialmente as diversas possibilidades de aprendizagem presentes na organização e em seu ambiente externo. Por isso, de acordo com Abbab, Borges-Andrade e Moura (2006), embora essa noção tenha como pressuposto a autonomia do indivíduo para construir o seu próprio caminho, não se pode atribuir essa responsabilidade somente a ele. Cabe à organização fornecer os direcionamentos necessários e as oportunidades reais de aprendizagem.

Ressalta-se, ainda, que a utilização da noção de trilhas de aprendizagem pressupõe a vinculação entre o caminho do indivíduo e a estratégia da organização. Esses vínculos tornam o planejamento do desenvolvimento profissional capaz de gerar resultados concretos e mantém a motivação das pessoas para construir novas trilhas de aprendizagem (ABBAB, BORGES-ANDRADE e MOURA, 2006).

Nesse sentido, modelo de trilhas de aprendizagem busca propiciar o autodesenvolvimento contínuo dos empregados a partir do estímulo à autonomia e à liberdade na escolha das opções de aprendizagem, afastando o caráter controlador das grades de treinamento.

Ademais, a implantação das trilhas de aprendizagem no ambiente organizacional está voltada ao delineamento de ações que favoreçam o desenvolvimento de conhecimentos e habilidades, além da criação de ambientes de aprendizagem que facilitem a transferência para o trabalho afetando positivamente a motivação dos empregados.

3 METODOLOGIA

Esta pesquisa se caracteriza como uma pesquisa de natureza básica, pois objetiva a geração de novos conhecimentos para o avanço da ciência, sem aplicação prática prevista, envolvendo verdade e interesses. De abordagem qualitativa, foi vinculada à temática das trilhas de aprendizagem. Diante disso, foram consultados livros, revistas e artigos científicos, além de trabalhos de conclusão de curso como monografias que tratavam desse tema, conforme o quadro 2 de nossa autoria.

Quadro 2: Principais referências e publicações consideradas neste estudo

Quadro de refer-êencias (Paradigma) Descrição sumária Autores de referência
Educação corporativa. Mudança de paradigma frente aos tradicionais centros de treinamento de desenvolvimento, na qual o objetivo principal é desenvolver competências críticas do negócio em vez de habilidades individuais. Meister (1999) e Éboli (2004).
Gestão por competências. Aplicação sinérgica de conhecimentos, habilidades e atitudes no trabalho, que evidencia a interdependência e a complementaridade entre os três elementos, gerando assim um desempenho profissional, que por sua vez é expresso pelos comportamentos que a pessoa manifesta no trabalho, por meio de realizações e resultados. Fleury e Fleury (2001).
Grades de treinamento. Comparadas a celas de uma prisão, na medida em que submetem o trabalhador a uma condição de heteronomia. Abbab, Borges-Andrade e Moura (2006).
Trilhas de aprendizagem. Constituem uma estratégia para desenvolver competências voltadas para o aprimoramento do desempenho atual e futuro. Freitas e Brandão (2006).

Fonte: produzido pelos autores.

Quanto aos fins da pesquisa, ela se classifica como exploratória e quanto aos procedimentos foi realizada uma revisão da literatura, na qual as palavras-chave: educação corporativa; gestão por competências; trilhas de aprendizagem e Grades de treinamento foram utilizadas.

Segundo Cervos e Bervian (2002), levantamento bibliográfico tem por finalidade, assim, levantar todas as referências encontradas sobre um determinado tema.

Alves-Mazzotti (2002) aponta dois propósitos principais da revisão de literatura ou revisão de bibliografia: a construção de uma contextualização para o problema e a análise das possibilidades presentes na literatura consultada para a concepção do referencial teórico da pesquisa.

Optou-se em maior parte por trabalhos publicados em língua portuguesa, realizados no período entre 1998 e 2016.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo do tempo foi possível verificar o surgimento de um novo contrato psicológico entre as pessoas e as organizações, um contrato estabelecido em torno do mútuo desenvolvimento. Esse novo contrato emerge como resultado de um ambiente mais competitivo, onde há de um lado as organizações que percebem que sua sobrevivência está atrelada ao seu contínuo desenvolvimento, e, como consequência, as pessoas passam a ser valorizadas por sua contribuição para o desenvolvimento organizacional.

O surgimento de novos modelos de treinamento e desenvolvimento advém do cenário competitivo que se estabelece em âmbito mundial nas grandes e pequenas empresas.

Frente a esse cenário de grandes mudanças, fez-se necessário a utilização de novos modelos de treinamento, desenvolvimento e educação que tivessem como foco a gestão por competências, um modelo alternativo e flexível que se propõe a orientar esforços, sobretudo os relacionados à gestão de pessoas, visando desenvolver e sustentar competências consideradas essenciais à consecução da estratégia organizacional.

Nesse sentido, foi percebido ao longo desse estudo que os modelos de grades de treinamento se tornam incompatíveis com as condições de mudança e inovação presentes na realidade das organizações mundiais. Esse modelo submete as equipes a caminhos obrigatórios, engessando as rotas individuais, desconsiderando fatores como aspirações profissionais e interesses pessoais diversos. Essa concepção parece aprofundar o controle social da organização sobre seus empregados, desmotivando as pessoas em relação à aprendizagem e inibindo a ampliação de papéis ocupacionais.

É relevante salientar que não somente as expectativas da empresa em relação ao desempenho profissional são importantes. Os estilos de aprendizagem e o ritmo na qual cada pessoa assimila tal conhecimento também devem ser considerados.

Apesar de não ter constado nesse estudo avaliações empíricas que demonstram superioridade das trilhas de aprendizagem em relação às grades de treinamento e aos demais modelos de treinamento e desenvolvimento tradicionais, as primeiras parecem se adequar melhor ao contexto das organizações que se baseiam em competências para agregar valor competitivo ao seu desempenho. Elas conferem certa autonomia e flexibilidade, além de oportunidade de autodesenvolvimento contínuo, em oposição à heteronomia imposta pelas demais.

Esse modelo inovador propõe, dessa forma, uma alternativa às formas ultrapassadas de treinamento e desenvolvimento baseadas no controle e apresenta resultados de que a autonomia de escolha dos empregados, com relação aos rumos e escolhas no seu próprio desenvolvimento baseado em competências, gera maior motivação e competitividade às organizações e crescimento individual.

Dessa forma, é percebido que para fazerem frente às atuais transformações do mundo globalizado e orgânico, as organizações investem no desenvolvimento de seus profissionais de modo a promoverem uma posição competitiva e sustentável. No entanto, faz-se necessário a adaptação e inovação nas práticas e modos de desenvolvimento de pessoas respeitando as individualidades, conciliando expectativas e compartilhando responsabilidades.

Considerando que esse modelo é recente e ainda pouco utilizado nas organizações, sugere-se a realização de pesquisa aplicada, descritiva ou explicativa a respeito das desvantagens da utilização desse modelo, do tipo de trabalho de gestão de mudanças a ser realizado com os colaboradores para o aumento da maturidade desses ao se trabalhar com o modelo de trilhas de aprendizagem e, também, como o conhecimento dos colaborados é medido após o cumprimento de uma trilha.

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Utilizando a Mineração de Texto para Prevenção do Suicídio

O suicídio e a prevenção dele tem sido um tema tratado com extrema atenção, já que estatisticamente tem ocorrido um aumento considerável a cada ano. Segundo uma especialista nessa área, dois terços das pessoas que cometeram suicídio comunicaram claramente essa intenção a parentes próximos ou amigos. O meio virtual tem sido umas das formas de expressar os sentimentos e pensamentos de forma pública com pessoas que possuem interesses em comum. Este trabalho propõe uma técnica supervisionada para detecção de ideações suicidas em textos postados na WEB, utilizando a abordagem de representação distribuída de parágrafo alheada a um algoritmo de classificação.

AUTORES:
Elizangela de Freitas dos Santos 2
Luiz Fernando S. Serique Junior 2

Artigo publicado na Revista Info | Vol 1

Introdução

Segundo dados estatísticos da Organização Pan-Americana de Saúde/ Organização Mundial da Saúde, a cada 40 segundos, uma pessoa se suicida no mundo[1]. A cada ano cerca de 800 mil pessoas cometem suicídio, e a quantidade de tentativas supera esse número. O suicídio pode ocorrer em qualquer idade, porém, esta foi a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos em todo o mundo no ano de 2015. Cerca de 78% dos suicídios no mundo ocorrem em países de baixa e média renda [2]. No Brasil, o suicídio é a quarta maior causa de morte, sendo contabilizadas em média 11 mil por ano [3].

Para a Mônica Medeiros Kother Macedo, psicanalista especializada em suicídio e professora da PUCRS, dois terços dos que cometem suicídio comunicaram claramente essa intenção a parentes próximos ou amigos [4]. Sendo assim, é necessário ficar atento às frases de alerta, pois por trás delas estão os sentimentos de pessoas com ideações suicidas [5]. “A ideação suicida se refere a pensamentos de se matar ou planejar suicídio, enquanto o comportamento suicida é frequentemente definido para incluir todos os possíveis atos de autoflagelação com a intenção de causar a morte”. A vigilância e monitoramento de tentativas de suicídio e tendências autodestrutivas são as principais formas de prevenção do suicídio-[6].

Atualmente existem meios de comunicação virtuais que permitem expressar pensamentos, sentimentos e opiniões de forma pública com pessoas que possuem interesses em comum, e a internet tem viabilizado a expansão desse processo. Dessa forma, ideações suicidas e tendências autodestrutivas podem ser expressas como forma de pedido de ajuda, o que pode facilitar a identificação de possíveis casos futuros de suicídio, e, por consequência, sua prevenção.

As emoções têm sido objeto de pesquisa em diversas áreas de estudos, inclusive na ciência da computação, o que tem atraído a atenção dos pesquisadores interessados no processamento de textos, recuperação de informação e na interação humano-computador [7]. Nesse contexto, umas das áreas de maior relevância é a mineração de texto, que se utiliza da aplicação de algoritmos aos documentos de textos com o objetivo de obter conhecimento.

Este trabalho teve como objetivo a prevenção de suicídios, utilizando a representação distribuída de parágrafo para o pré-processamento prévio de textos coletados na web, juntamente com um algoritmo de classificação, a fim de identificar ideações suicidas.

Trabalhos relacionados

Em [6] é abordada a prevenção do suicídio utilizando técnicas de aprendizado de máquina para detecção de ideações suicidas em mídias sociais, onde foi realizada análise dos conteúdos postados pelos usuários de redes sociais para sinalizar se tais eram preocupantes ou não. As principais contribuições deste artigo foram:

1.       Criação de um conjunto de dados rotulados para aprendizado de padrões em tweets, exibindo ideação suicida por anotação manual;

2.       Apresentação de um conjunto de recursos para alimentar os classificadores com a intenção de melhorar o desempenho dos algoritmos de aprendizagem de máquina;

3.       Emprego de quatro classificadores binários no conjunto de dados para comparação dos resultados obtidos utilizando abordagens variadas para validar a metodologia que foi proposta. A Tabela 1 apresenta os referidos classificados com suas respectivas métricas.  O modelo gerado a partir do algoritmo Random Forest obteve o melhor resultado.

Modelo Acurácia Precisão Recall F1 Score
Regressão Logística 0,830 0,819 0,850 0,832
Random Forest 0,858 0,842 0,846 0,844
Gradient Boosting Decision Tree 0,805 0,802 0,820 0,807
XGBoost 0,817 0,831 0,800 0,812

Tabela 1 – Resultados dos Classificadores – Fonte SAWHNEY, et. al. (2018)

No artigo [8] é proposto o algoritmo Doc2Vec, um algoritmo não supervisionado que aprende representações contínuas de vetores distribuídos para partes de textos de tamanho variável, que podem diversificar de sentenças a documentos. Nesse a representação vetorial foi treinada para ser útil na previsão de palavras em um parágrafo.

  • Algoritmos

Neste trabalho será utilizado o algoritmo de representação vetorial de parágrafos Doc2Vec, porém, para melhor entendimento, faz-se necessária uma explanação da representação vetorial de palavras. Esta seção é destinada ao detalhamento de ambos.

  • Representação vetorial de palavras

Em [8] é realizada uma abordagem sobre o algoritmo para representação vetorial de palavras, conhecido como Word2Vec, que tem como técnica a rede neural.  Esse modelo fornece duas arquiteturas, sendo elas fundamentadas em Bag-of-Words, que tem por objetivo prever a probabilidade de um termo ocorrer, baseado em uma janela de palavras próximas e o Skip-Gram, que visa predizer de forma maximizada quais termos ocorrem próximas a um determinado termo[9].

Segundo [9] essa abordagem, consegue-se obter aspectos semânticos e sintáticos com uma granularidade fina utilizando operações aritméticas de vetores simples. Nessa estrutura, cada palavra é mapeada para um único vetor, representado por uma coluna em uma matriz W. A coluna é indexada pela posição da palavra no vocabulário. A junção ou soma dos vetores é usada para prever a próxima palavra em uma sentença, ou seja, dada uma sequência de palavras de treinamento w1, w2, w3, …, wT, o objetivo do modelo vetorial de palavras é maximizar a probabilidade da predição. A

Figura 1 mostra uma estrutura para aprendizado de vetores de palavras, onde um contexto de três palavras (“the”, “cat” e “sat”) é usado para prever a quarta palavra (“on”). As palavras de entrada são mapeadas para colunas da matriz W para predição da palavra de saída.

Figura 1- Representação Vetorial de Palavras (Tradução Livre) – Fonte: Le e Mikolov (2014)

  • Representação vetorial de parágrafos

No artigo [8] é proposto um modelo de memória distribuída, chamado Doc2Vec, em que a abordagem de vetor de parágrafos é baseada no aprendizado de vetores de palavras, que foi discutido no tópico anterior. Esses vetores de palavras contribuem na predição da próxima palavra da sentença e podem eventualmente capturar a semântica como um resultado indireto na tarefa da predição. Os vetores de parágrafo também são solicitados a contribuir para a tarefa de previsão da próxima palavra, considerando muitos contextos amostrados no parágrafo. Nesse método, os vetores de palavras e parágrafos são calculados de forma a prever a próxima palavra em um contexto.

Na representação distribuída de parágrafo, é definido um token de parágrafo, que pode ser considerado como outra palavra. Ele age como uma memória que lembra o que está faltando no contexto atual – ou o tópico do parágrafo. Por esse motivo, frequentemente esse modelo é chamado de Modelo de Memória Distribuída de Vetores de Parágrafo (PV-DM).

A Figura 2 apresenta a estrutura de aprendizado de vetor de parágrafos, em que mostra a semelhança com o aprendizado do vetor de palavras. A única mudança é o token de parágrafo adicional que é mapeado para um vetor via matriz “D”. Nesse modelo, a concatenação ou média desse vetor com um contexto de três palavras é usada para prever a quarta palavra. O vetor de parágrafo representa a informação que falta do contexto atual e pode atuar como uma memória do tópico do parágrafo.

Figura 2 – Representação Vetorial de Parágrafos (Tradução Livre) – Fonte: Le e Mikolov (2014)

  • Metodologia

A mineração de texto é considerada um processo de descoberta de conhecimento em textos, que tem por objetivo a extração de informações relevantes a partir de coleções de texto dos mais variados tipos. [10]. Nessa é envolvida a aplicação de algoritmos computacionais que processam e identificam informações úteis, mas que estão implícitas e que provavelmente não poderiam ser descobertas fazendo uso de métodos convencionais, como a consulta, pois estes em geral estão armazenados em formato não estruturado [11].

Na mineração de texto são definidas etapas que visam auxiliar no processo de descoberta de conhecimento a partir de bases de dados textuais. Neste trabalho será utilizado o modelo proposto por [12], em que suas etapas são apresentadas na Figura 3.

Figura 3 -Etapas do Processo de Mineração de Texto – Fonte: Adaptada de Aranha (2007).

O objetivo desta seção é apresentar todas as fases e técnicas consideradas neste trabalho. A etapa de indexação não foi utilizada, pois não houve a necessidade de extração de conceitos documentais através da análise do conteúdo e tradução da linguagem em termos de indexação, que é o objetivo desta etapa [7].

  • Coleta

A coleta de dados com ideações suicidas tradicionalmente é um processo difícil, já que existe um grande estigma social em relação a esse assunto, porém, é crescente o número de pessoas que têm utilizado a internet para desabafar, buscar ajuda e discutir questões de saúde mental [6].

Neste trabalho, a extração de dados foi realizada de forma manual. Foram geradas duas bases de dados: com textos que continham ideações suicidas e outra com textos que não continham ideações suicidas. Para a base de dados com ideações suicidas, a coleta foi baseada em estudos científicos[6][13] que identificaram frases que demonstravam esse aspecto, em que os textos foram analisados por humanos cientes de aspectos da psicologia cognitiva. A partir disso e em adição aos registros já coletados, foram retirados textos dos seguintes locais:

  • Um blog [18] em que seus usuários expressavam pensamentos de acabar com a própria vida;
  • Relatos de pessoas que deixaram cartas de despedida, mensagem escrita ou falada antes de cometer o ato do suicídio [19][20][21][22].

A formação da base de dados com textos que não continham ideações suicidas foi realizada a partir de textos retirados de blogs, que continham frases que expressavam felicidade e motivação [23][24][25]. Ao todo, foram obtidos 428 registros: 214 com ideações suicidas e 214 sem ideação suicida.

  • Pré-Processamento

A etapa de pré-processamento foi realizada após a etapa da coleta dos dados. Essa teve por objetivo o aumento da qualidade dos dados, em que diversas técnicas foram aplicadas e até mesmo combinadas através do Processamento de Linguagem Natural (PLN). Em [14] é definido o PLN como qualquer tipo de manipulação computacional de linguagens naturais, como, por exemplo, a língua portuguesa.

Nessa etapa foram realizadas tarefas para que os documentos textuais fossem transformados em um formato estruturado para posterior aplicação dos algoritmos de aprendizagem de máquina. Neste trabalho as tarefas foram realizadas com o auxílio da biblioteca de código aberto chamada Natural Language Toolkit (NLTK)[14], desenvolvida para a linguagem de programação Python. As tarefas utilizadas neste trabalho foram:

  1. Normalização dos Dados, que teve por finalidade a remoção de acentos e transformação de todas as palavras em minúsculas. 
  2. Tokenization(Atomização), que teve por objetivo extrair unidades mínimas do texto, chamadas tokens, que na maioria das vezes corresponde a uma palavra do texto,   podendo também estar relacionado a mais de uma palavra, símbolo ou caractere de pontuação. Nessa tarefa somente as palavras foram consideradas.
  3. Remoção de Stopwords: Existem muitos tokens que podem aparecer de forma frequente em um documento, mas que não possuem nenhum valor semântico e não ajudam na distinção do significado dos textos. Tais tokens são chamados de Stopwords. Os Stopwords podem corresponder a artigos, preposições, pontuações, conjunções e pronomes. Para este trabalho foi utilizada uma Stoplist, fornecida pela NLTK, que é uma lista de palavras definidas como Stopwords a serem removidas durante essa tarefa no pré-processamento.
  1. Stemming: O processo de Stemming consistiu em reduzir uma palavra ao seu radical. Nessa tarefa, os sufixos das palavras que indicam variação na forma da palavra como plural e tempos verbais foram removidos[15]. Para esse fim, foi utilizado o algoritmo RSLP (Removedor de Sufixos da Língua Portuguesa), que é um algoritmo de remoção de sufixos para o português [16]. O RSLP é composto de 8 etapas que precisam ser executadas em uma ordem definida. A Figura 3 apresenta a sequência de etapas de Stemming.

Figura 4 –  Etapas do Algoritmo RSLP – Fonte:  Adaptada de COELHO (2007)

A Tabela 2 apresenta a frase “Não quero mais estar vivo”, que passou por todas as etapas do pré-processamento de textos, na mesma ordem descrita.

Tabela 2  – Frase Pré-Processada

  • Mineração

Esta seção tem como finalidade apresentar as tarefas da mineração de textos definidas para cumprimento dos objetivos determinados para este

trabalho. É através dessa que ocorre a descoberta do conhecimento esperado.

A etapa de mineração dos dados consiste no aprendizado de máquina, em que ocorre a construção de um modelo a partir do algoritmo escolhido. Essa contempla o treinamento e validação do modelo gerado. O treinamento consiste em apresentar ao algoritmo classificador rótulos que o faz aprender sobre os dados que se quer analisar. Por outro lado, a etapa de teste consiste em validar o modelo gerado na etapa de treinamento. Essa última etapa será descrita na próxima seção.

Para a realização do treinamento e teste, foi necessário dividir a base de dados em duas partes.  Para esse fim, existem algumas estratégias, e uma delas será apresentada neste trabalho, a Holdout, que consiste em separar uma porcentagem do conjunto de dados que será destinado ao treinamento e outro conjunto de dados destinado ao teste. Para este trabalho foi utilizado 75% dos dados para o treinamento e 25% para o teste. A Figura 4 apresenta a estratégia Holdout.

Figura 5 –  Estratégia holdout para treinamento e validação

do classificador

Na construção do modelo, foi utilizada a implementação Doc2Vec,disponível na biblioteca de modelagem semântica de textos Gensim [26] para criação da representação vetorial distribuída de parágrafos. Para esse algoritmo foram configurados alguns parâmetros com o objetivo de obter um bom resultado. O número de interações sobre o corpus foi representado pelo parâmetro “max_epochs”. A dimensionalidade dos vetores foi definida pelo parâmetro “vector_size”. O parâmetro que se refere à taxa inicial de aprendizado é o “alpha”. A diminuição linear da taxa de aprendizado foi definida pelo parâmetro “min_alpha”, esta ocorre na medida que o treinamento progride. A quantidade mínima de termos frequentes a serem desconsiderados foi representado pelo parâmetro “min_count”. O parâmetro “dm” foi utilizado para a definição da distribuição da memória no treinamento. A distância máxima entre a palavra atual e a prevista dentro de uma sentença foi definida pelo parâmetro “window”, e para este foi utilizado o valor padrão da ferramenta.  A Tabela 3 apresenta os valores definidos para cada parâmetro descrito acima. Esstes foram definidos de forma empírica.

PARÂMETROS VALORES
max_epochs 1000
vector_size 500
Alpha 0.01
min_alpha 0.00025
min_count 1
Dm 1
Window 5

 Tabela 3 – Valores dos parâmetros definidos para o Doc2Vec

Na realização da classificação dos textos em “Suicidas” e “Não Suicidas” foi utilizado o algoritmo classificador de Regressão Logística através do pacote de aprendizado de máquina Scikit-learn[17]. Para os valores dos parâmetros não foram alterados, sendo utilizados os padrões da ferramenta.

  • Avaliação

Esta seção é destinada à análise dos resultados alcançados nas seções anteriores, onde foi realizado o processo de mineração de textos para identificação de textos com ideações suicidas.

  • Análise Algoritmo de Classificação

Essa etapa consistiu em validar o modelo gerado na seção anterior, onde foram utilizados os 25% dos dados destinados a esse fim.

Para a validação do classificador, foram utilizadas duas métricas: Receiver Operating Characteristics (ROC) e Area Under the Curve (AUC), conforme ilustrado na Figura 6.

Foi verificado o resultado da classificação do modelo gerado a partir do algoritmo Doc2Vec juntamente com o de Regressão Logística, e o mesmo apresentou um valor de AUC igual a 0.82.

Figura 6 –  Curva ROC

  • Conclusão

O trabalho proposto teve como objetivo a prevenção do suicídio, visando à identificação de textos com ideações suicidas através do estudo e aplicação de técnicas de mineração de texto.

A etapa inicial consistiu na coleta de dados para a análise, seguida do pré-processamento e limpeza dos mesmos com a finalidade de aumentar qualidade para aplicação dos algoritmos de aprendizagem de máquina. Foram utilizados dois algoritmos: Doc2Vec e Regressão Logística. O Doc2Vec foi utilizado para a criação da representação vetorial e melhora na dimensionalidade dos dados. Já o algoritmo Regressão Logística foi utilizado para classificação dos textos em “Suicida” e “Não Suicida”. A combinação dos dois algoritmos apresentou uma performance considerável, mostrou uma taxa de acerto de 0.82.

Considerando os resultados obtidos, pode-se concluir que o classificador gerado é uma possível ferramenta para a prevenção do suicídio, de modo que é capaz de identificar textos com ideações suicidas.

Como trabalho futuro, pretende-se a incorporação desse classificador às redes sociais para análises automáticas de textos postados pelos usuários destas, assim como a produção de um local na WEB onde possibilitará a realização de consultas, a fim de identificar as ideações suicidas por familiares e amigos de vítimas em potencial.

O código deste projeto está disponível no GitHub, serviço de hospedagem e versionamento de códigos fonte [27].

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ARRECADAÇÃO PARA FEIRA DE TROCA DE LIVROS COMEÇA NESTE MÊS DE MARÇO

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A Biblioteca da Faculdade de Tecnologia Senac-DF promoverá, dia 23 de abril, da 9h às 21h, a tradicional Feira de Troca de Livros da instituição, mas agora em novo formato.

Os alunos, professores e colaboradores interessados em participar poderão trazer suas doações no período de 16 de março a 16 de abril. Serão aceitos somente livros de literatura em bom estado de conservação. Os doadores receberão um vale-livro e as obras recebidas serão organizadas por gêneros para que no dia da feira seja feita a troca.

A feira é aberta a comunidade acadêmica e tem o objetivo de promover e incentivar o hábito pela leitura, difundir o conceito de partilha, consumo consciente e economia criativa, além de divulgar a biblioteca da unidade e comemorar o Dia Mundial do Livro, comemorado no dia da Feira, 23 de abril.

No dia da Feira de Troca, 23, a biblioteca estará fechada para pesquisa, empréstimo ou estudos. Retornando ao funcionamento normal após o evento. Mais informações procure o balcão da biblioteca ou ligue 3217-8825.

(Com colaboração de Luciana Corrêa | Faculdade Senac-DF)

Aula Magna da Faculdade Senac será com empresário renomado no DF

A Faculdade de Tecnologia Senac-DF convidou para ministrar a Aula Magna do primeiro semestre de 2020 o empresário Ennius Muniz, proprietário das empresas Conbral e Lord. O encontro com os alunos dos cursos de graduação e pós-graduação será no dia 10 de março, às 19h, no auditório da instituição, na 903 Sul. 


A Aula Magna é um momento com calouros e veteranos interessados em ouvir a história de sucesso do empresário que possui mais de 50 anos de carreira e muitos casos de conquistas e dificuldades no mercado empresarial. Os estudantes poderão fazer perguntas ao final.


(Com colaboração de Luciana Corrêa | Faculdade Senac-DF)