Parques tecnológicos: o que são e como estimulam a inovação e o empreendedorismo

O Vale do Silício, na Califórnia (EUA), faz parte do imaginário da tecnologia ao concentrar grande parte das potências desse setor em uma mesma região, algo entre a Bay Area de San Francisco e o Vale Santa Clara. No nosso senso comum, o local é como uma porta para um idealizado futuro da sociedade. Mas não precisamos ir tão longe: o Brasil tem seus próprios Vales do Silício, parques tecnológicos que em maior ou menor grau trazem grandes avanços mas que ainda penam para acelerar no país a união do empreendedorismo com a inovação.

Os parques tecnológicos brasileiros via de regra tentam seguir o modelo da sua matriz: sua criação vem da atuação do tripé universidades-empresas-governo. A primeira normalmente fornece os cérebros; isto é, alunos e pesquisadores. A segunda traz o dinheiro, normalmente na forma de capital de risco, além da visão comercial. E a terceira ajuda com incentivos como renúncia fiscal, financiamentos para construção de prédios, parcerias público-privadas e/ou cessão de terrenos.

Na Califórnia, o roteiro foi mais ou menos esse. O Estado abriga a Universidade de Stanford, tradicionalmente uma potência acadêmica em ciências da computação. Stanford também era uma grande incentivadora do empreendedorismo, e muitos de seus ex-alunos abriram empresas que hoje são gigantes, da Hewlett-Packard ao Google. E o governo, na forma dos militares americanos, também fizeram alguns de seus experimentos tecnológicos por lá. Em 1899, um navio enviou a primeira mensagem de telégrafo sem fio para o país, sobre o retorno da frota americana das Filipinas após a vitória na Guerra Hispano-Americana. Depois fundaram por lá em 1933 a Moffett Field, centro de pesquisa da Marinha.

Se você prestou atenção nos anos do parágrafo anterior, percebeu que as raízes do Vale do Silício já têm mais de 100 anos. O próprio termo é bem antigo: foi cunhado pelo jornalista Don Hoefler em 1971, há 50 anos! Já os parques brasileiros surgiram bem depois. Um dos mais antigos é o Vale da Eletrônica, surgido em meados de 1985 na cidade mineira de Santa Rita do Sapucaí por conta da concentração de cursos e indústrias de eletro-eletrônica. Mas o primeiro criado e pensado para ser um parque tecnológico de fato foi o Porto Digital, no Recife, em 2000. Nove anos depois, São José dos Campos (SP) criou o seu. Apoiado pelo poder público e com a expertise de órgãos de aeronáutica, se tornou o maior do país, com mais de 400 empresas associadas.

Berços de startups

A gênese de um parque tecnológico pode ter diversas fagulhas, mas sempre começam no tal tripé universidades-empresas-governo. Em São José dos Campos, foi quando um decreto municipal permitiu que uma antiga fábrica fosse desapropriada para dar lugar ao primeiro prédio do parque. No Recife, foi uma das investidas de um grande projeto de revitalização e reocupação do governo estadual para o histórico Bairro do Recife, no centro da cidade. Há, por exemplo, desconto de 2% de ISS (Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza) para quem abrir empresa no local.

E claro, há os investimentos iniciais. No Porto Digital, no longínquo ano de 2000, foram R$ 30 milhões para construir três prédios e um restaurante. Já o parque tecnológico da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), as estimativas são na ordem de US$ 900 milhões para criar 14 centros de pesquisa, desde a sua fundação em 2003.

Depois de criado, um parque tecnológico tem a função de ser um ambiente com todas as condições para o surgimento de boas ideias. Seus prédios normalmente trazem arquitetura moderna, boa infraestrutura elétrica e de internet, além de escritórios para reuniões de equipes e eventualmente alguns laboratórios de pesquisa. Eles abrigam as empresas que queiram trabalhar em esquema de parceria com a universidade em questão ou mesmo colaborarem entre si. Muitas startups surgem nesses parques, mas eles também podem abrigar médias e grandes companhias.

No caso das startups, elas normalmente concorrem a editais para apresentarem suas soluções e serem escolhidas para serem incubadas por períodos que podem durar de um a três anos, para que consigam escalar seu negócio e ganhar alguma independência. Também podem receber mentorias e a interação com pesquisadores dentro de suas áreas de atuação. Empresas grandes já fazem de outra forma: costumam comprar terrenos, construir instalações e ocupá-los permanentemente — ou pelo menos enquanto a parceria fazer sentido. Em outra frente, podem pagar bolsas de pesquisa a alunos.

No parque da UFRJ, por exemplo, empresas de energia como Petrobras, BG e Technip foram desenvolver soluções para explorar o petróleo do pré-sal na costa brasileira. Já no parque da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), a fabricante de eletrônicos Samsung instalou um centro de inovação no ano passado de 90 m². No Porto Digital, empresas como Fiat, Uber, Accenture, Delloite e Globo têm equipes instaladas.

Outros centros de inovação no Brasil são o Sapiens Parque, em desenvolvimento em Florianópolis há alguns anos; o San Pedro Valley, em Belo Horizonte em 2014, e o TecnoPuc, criado em 2003 em Porto Alegre.

Isso tudo volta para a população?

Por estar na ativa há décadas, abrigar gigantes como Google, Apple e Facebook e empregar mais de 1,5 milhão de pessoas, é claramente injusto compararmos diretamente o Vale do Silício norte-americano com os nossos parques tecnológicos. Mas é possível tentarmos entender as razões de nossas iniciativas serem mais modestas, pelo menos à primeira vista.

Atualmente, o Brasil conta com 43 parques tecnológicos em operação e 60 em implantação e projeto, além de 363 incubadoras de empresas e 57 aceleradoras, de acordo com os números mais recentes da Anprotec (Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores), entidade que reúne incubadoras, centros de inovação e outras entidades do tipo no país.

O retorno de todo esse esforço é diverso: boa parte do que é desenvolvido vira produtos ou serviços de empresas privadas. Mas há também os ganhos para as universidades, que conseguem instalações mais avançadas e impulsionam a carreira de acadêmicos e profissionais recém formados.

Os entraves para ampliar os atuais parques, ou desenvolver novos, são diversos. “O nosso desafio hoje é infraestrutura física. Se tivéssemos mais prédios construídos, teríamos mais empresas instaladas. E como dependemos de recursos públicos, precisamos ou esperar por algum edital para a infra do parque ou de algum recurso que o governo do estado dedique a isso”, diz Mariana Zanatta Inglez, gerente do parque tecnológico da Unicamp, que abriga hoje 35 empresas.

Para Luiz Fernando Carvalho, coordenador do escritório de projetos do parque de São José dos Campos, muitos parques ficaram engessados no modelo público, o que acaba condicionando seu funcionamento a políticas governamentais. “Aqui tem recursos públicos mas também privados. Somos uma associação privada sem fins lucrativos, o que a longo prazo ajuda no crescimento”, diz. O Porto Digital também funciona como organização social, cujo conselho de 19 membros é formado por membros do governo, de empresas e professores, sendo trocados em até quatro anos. “Se não houver uma união entre governo e universidades, dificilmente vai evoluir”, diz Pierre Lucena, atual presidente do Porto Digital.

Guilherme Dominguez, CEO do hub de inovação govtech BrazilLAB, concorda. “Não me agrada a ideia de que o poder público tem que ser financiador ou apoiador dos parques. A maioria deles tem modelo de gestão de organização social ou fundação, mas que acabam sendo financiados com recursos públicos. Se o governo mantivesse a estrutura e apoio com bolsas de pesquisa, já seria uma grande ajuda. O resto tem que ser a partir da articulação de pesquisas dentro de estratégias ora locais, ora regionais ou nacionais”, defende.

O ambiente pouco propício do Brasil para fomentar o empreendedorismo e a pouca oferta de profissionais de tecnologia do mercado também são razões apontadas por Lucena para nossos voos mais baixos. “A gente forma muito pouco, cerca de 29 mil em tecnologia por ano [a associação do setor fala em 46 mil profissionais por ano]. Se você tem pessoas capacitadas, as oportunidades chegam. A única forma de melhorar a qualidade de vida nas grandes cidades brasileiras é melhorando a renda média das pessoas. Só conseguimos isso com serviços especializados. E cada parque tem que achar o seu foco; o nosso [do Porto Digital] é software”, define Lucena.

Vicente Ferreira, diretor do parque da UFRJ, vê três problemas estruturais para impulsionar o PIB (Produto Interno Bruto) e nossos parques trazerem a utopia futurista a longo prazo. “Um é olhar para a educação, que é um investimento transgeracional, como vimos na Coreia do Sul. A outra forma é investir em infraestrutura, como no modelo norte-americano. E o terceiro caminho é a inovação, que é conseguir fazer de forma mais eficiente com menor custo. A gente investe muito pouco em inovação, e ainda o fazemos com alguma dificuldade”, defende.

Escrito por Márcio Padrão
Fonte: https://canaltech.com.br/empreendedorismo/o-que-sao-parques-tecnologicos-192863/

Você vende produtos ou experiências?

Em época de pandemia e distanciamento social, promover experiências aos clientes tornou o desafio um pouco maior, mas não impossível. Se seu consumidor não está indo a sua loja física, como proporcionar experiência?

A grande busca dos empreendedores atualmente é oferecer uma experiência única, positiva e memorável ao seu cliente. Por quê? Porque hoje os consumidores não buscam apenas produtos ou serviços, e sim benefícios ou soluções para suas dificuldades. Antigamente, os produtos eram a base da diferenciação, hoje não mais. Atendimento, layout de loja, possibilidade de experimentação no ponto de venda (PDV), entre outros podem agregar valor ao seu negócio e sair na frente dos seus concorrentes. 

Autora: Lucyara Ribeiro, professora mestre da Faculdade de Tecnologia e Inovação Senac-DF e diretora executiva da Social Ex – Pesquisa, Consumo e Mercado

Brad Rencher, vice-presidente executivo da Adobe, afirmou que todos os negócios nos dias atuais precisam ter como base a criação de experiências para os usuários. E defendeu que todos os empreendimentos podem fazer isso, desde a pequena empresa até as grandes corporações. As micro e pequenas empresas têm uma vantagem competitiva, pois diferente dos empreendimentos maiores, o pequeno empresário conhece tão bem seu cliente, que o chama pelo nome. Logo, sabendo das preferências e rejeições do seu segmento, fica muito mais fácil direcionar as ações e torná-las verdadeiramente eficazes. Rencher ainda ressaltou a importância de melhorar cada vez mais essa experiência, ou seja, é preciso estar atento ao mercado, buscando sempre inovar com foco no consumidor. 

E o que o negócio ganha com isso? Segundo uma pesquisa realizada pela Adobe, as empresas líderes em criação de experiência, independentemente do ramo de atividade, têm uma percepção de marca 1,6 vez maior, têm 1,7 vez mais a retenção de novos clientes, e o crescimento da receita é 36% mais rápido, além de reportarem também em maior satisfação dos clientes.

Como diriam nossos avós, se Maomé não vai a montanha, a montanha vai a Maomé… Redes sociais com um toque de afeto, um delivery caprichado, quem sabe até temático, podem ser um bom inicio de inovações a serem implementadas. Ou você vai continuar “vendendo produto”?

Faculdade de Tecnologia e Inovação Senac-DF recebe visita técnica de representante da Faculdade Senac Goiás

Nesta quinta-feira (19), a Faculdade de Tecnologia e Inovação Senac-DF recebeu a vice-diretora acadêmica da Faculdade Senac Goiás, Ionara Lúcia M. C. Oliveira, para uma visita técnica nas novas instalações. Ionara foi recebida pelo diretor geral Luís Afonso Bermúdez, a coordenadora acadêmica Denise Raposo e a procuradora institucional Kerolyne Sacerdote para conhecer processos acadêmicos. Incentivados pelo desejo de dar um foco maior para a inovação e tecnologia dentro das salas de aula da instituição, visando o formato virtual da educação, a visita rendeu diversas conversas e discussões acerca do futuro da educação no Brasil. Sua vinda foi motivada pela anterior, feita em meados de 2020 às obras da Faculdade Senac-DF, pelos diretores do Senac Goiás.

“Para nós que transmitimos conhecimento, a inovação nos acompanha não somente o ensino, mas também nos acompanha quando o mercado bate na nossa porta pedindo por profissionais capacitados, aptos para as necessidades e cargos do futuro. Então, essa aproximação com a Faculdade Senac Goiás é importante para que a gente possa trocar experiências e conhecimentos entre si”, afirmou o diretor Bermúdez.

Sobre tecnologia e inovação, voltados para o dinamismo, interatividade e autonomia do aluno, foi o principal ponto que Ionava destaca irá levar de sua visita. “Ao ver isso aqui, eu penso em um aluno, graças a um ambiente de aprendizagem mais interativo, acaba entrando em uma realidade mais contextualizada com o profissional do futuro”, acrescentou ela. 

Ionara se aprofunda ainda mais na ideia da inovação dentro de uma instituição acadêmica, e como viu isso na Faculdade Senac-DF. “Quando falamos de inovação, não falamos só da estrutura física, e sim da tratativa com os alunos também. Então os aspectos de inovação em relação ao atendimento ao aluno, a ideia do coaching, da felicidade e satisfação na sala de aula e no ambiente de trabalho, essas coisas além de serem muito bacanas, são diferenciais importantes”.

Texto: Bernardo Guerra (Estagiário de Jornalismo)
Edição: Luciana Corrêa

Faculdade de Tecnologia e Inovação Senac-DF recebe visita técnica de representante da Faculdade Senac Goiás

Nesta quinta-feira (19), a Faculdade de Tecnologia e Inovação Senac-DF recebeu a vice-diretora acadêmica da Faculdade Senac Goiás, Ionara Lúcia M. C. Oliveira, para uma visita técnica nas novas instalações. Ionara foi recebida pelo diretor geral Luís Afonso Bermúdez, a coordenadora acadêmica Denise Raposo e a procuradora institucional Kerolyne Sacerdote para conhecer processos acadêmicos. Incentivados pelo desejo de dar um foco maior para a inovação e tecnologia dentro das salas de aula da instituição, visando o formato virtual da educação, a visita rendeu diversas conversas e discussões acerca do futuro da educação no Brasil. Sua vinda foi motivada pela anterior, feita em meados de 2020 às obras da Faculdade Senac-DF, pelos diretores do Senac Goiás.

Procuradora institucional da Faculdade Senac-DF Kerolyne Sacerdote; coordenadora acadêmica da Faculdade Senac-DF, Denise Raposo; vice-diretora acadêmica da Faculdade Senac-GO, Ionara Lúcia M. C. Oliveira; diretor geral da Faculdade Senac-DF, Luís Afonso Bermúdez.

“Para nós que transmitimos conhecimento, a inovação nos acompanha não somente o ensino, mas também nos acompanha quando o mercado bate na nossa porta pedindo por profissionais capacitados, aptos para as necessidades e cargos do futuro. Então, essa aproximação com a Faculdade Senac Goiás é importante para que a gente possa trocar experiências e conhecimentos entre si”, afirmou o diretor Bermúdez.

Sobre tecnologia e inovação, voltados para o dinamismo, interatividade e autonomia do aluno, foi o principal ponto que Ionava destaca irá levar de sua visita. “Ao ver isso aqui, eu penso em um aluno, graças a um ambiente de aprendizagem mais interativo, acaba entrando em uma realidade mais contextualizada com o profissional do futuro”, acrescentou ela. 

Ionara se aprofunda ainda mais na ideia da inovação dentro de uma instituição acadêmica, e como viu isso na Faculdade Senac-DF. “Quando falamos de inovação, não falamos só da estrutura física, e sim da tratativa com os alunos também. Então os aspectos de inovação em relação ao atendimento ao aluno, a ideia do coaching, da felicidade e satisfação na sala de aula e no ambiente de trabalho, essas coisas além de serem muito bacanas, são diferenciais importantes”.

Texto: Bernardo Guerra (Estagiário de Jornalismo)
Edição: Luciana Corrêa

8 podcasts sobre educação para acompanhar em 2021

Não há dúvidas que os podcasts estão ganhando cada vez mais espaço entre os brasileiros. Segundo um levantamento da plataforma Spotify, o número de novos programas cresceu cerca de 240% em 2020. Nesse cenário de ascensão, também começam a ganhar destaque as produções sobre educação.

Para quem deseja ficar por dentro dos principais debates educacionais, o Porvir fez uma seleção de oito podcasts que você pode acompanhar neste ano. Clique nos títulos para ouvir:

Porvir/CIEB
Produzido pelo Porvir em parceria com o CIEB (Centro de Inovação para a Educação Brasileira), o podcast traz tendências e debates sobre tecnologia na educação. Entre os programas, já foram abordados temas como aquisição de tecnologia para redes e escolas, ensino híbrido, formação inicial de professores, LGPD na Educação, Currículo para Educação Profissional e Técnica, entre outros.

Projete-se | Projetos de Vida na escola
Em cinco episódios, o podcast realizado pelo Porvir, em parceria com o Instituto iungo, aborda o desenvolvimento integral dos jovens e o trabalho com projetos de vida pelos educadores nas escolas. Entre os programas, são discutidos temas como adolescência e juventudes, emoções e autocuidado, relações com a família e comunidade, trajetória acadêmica e mundo do trabalho.

Educando para Transformar
A série lançada pela Fundação Telefônica Vivo, em parceria com o Estúdio Folha, da Folha de S. Paulo, traz seis episódios que discutem a parceria entre pais e educadores, a profissão professor, a relação com os alunos, o protagonismo jovem, poder da educação na transformação de vidas e o voluntariado.

Educa Podcast
Apresentado por Adriana de Barros, com direção técnica de André Gibeli e roteiro e produção geral de Ricardo Berlitz, o podcast reúne semanalmente músicos e educadores para falar sobre os principais temas da educação brasileira e mundial. Entre os convidados, estão participantes como Janine Rodrigues, Miguel Thompson, Alexandre Le Voci Sayad, Claudia Costin, João Marcelo Bôscoli, Lecy Brandão e Supla.

Folha na Sala
Produzido pela Folha de S. Paulo em parceria com o Itaú Social, o podcast é apresentado pelos jornalistas Ricardo Ampudia e Juliana Deodoro, com a coordenação de Fábio Takahashi e Magê Flores. O programa traz notícias e análises sobre educação, além de contar histórias de professores e salas de aula espalhadas pelo Brasil.

Papo de Educador
Apresentado por Damione Damito, o podcast é feito por professores e para professores com o propósito de divulgar novas ideias, teorias e boas práticas em educação. Entre os temas abordados, estão tópicos variados, como ensino híbrido, volta às aulas, formação de professores, aprendizagem criativa e educação baseada em projetos.

PodAprender
Produzido pela Editora Aprende Brasil, o podcast debate temas importantes para a Educação Básica brasileira. Entre os assuntos de destaque, estão tópicos como engajamento familiar, educação ambiental, criatividade, saúde mental, educação financeira, inclusão, entre outros.

Sala de Professor
Comandando por Fabiana Paixão e Walisson Ferreira, o podcast tem a proposta de conversar sobre educação de forma leve e descontraída. Além de falar sobre os impactos da pandemia na educação, o programa também trata de temas como metodologias ativas, ensino híbrido, gamificação, pedagogia Waldorf, indústria 4.0, diversidade e inclusão e muito mais.

Escrito pela Redação do Porvir
FONTE: https://porvir.org/8-podcasts-sobre-educacao-para-acompanhar-em-2021/

“Chefes da Felicidade”: Função criada para tornar o ambiente de trabalho mais agradável

Estresse e desmotivação são inimigos diretos da produtividade. Felizmente, muitas empresas já perceberam isso e entenderam que investir na felicidade dos seus funcionários é algo indispensável.

Já está mais que comprovado que colaboradores saudáveis e engajados trabalham com muito mais qualidade, e, dessa forma, todos saem ganhando.

Para garantir uma equipe satisfeita, as empresas criaram uma nova ocupação focada exclusivamente nesse aspecto: o Chief Happiness Officer, ou Chefe da Felicidade.

O conceito foi criado no Vale do Silício, nos Estados Unidos, se popularizando rapidamente entre startups e posteriormente caindo na graça de corporações maiores.

O Chefe da Felicidade não é exatamente um cargo, mas, sim, uma função atribuída a um profissional, que fará a ponte entre recursos humanos e comunicação interna.

Apesar de ser mais comumente designada a um profissional de RH, a função pode ser assumida por um ou mais funcionários de diversos setores.

Seu papel será estudar o quadro geral de felicidade de cada equipe, apurar as principais necessidades dos colaboradores e auxiliar a liderança a planejar formas de aprimorar esses aspectos.

Estar feliz não é sorrir o tempo inteiro, mas, sim, se sentir bem em desempenhar seu papel dentro daquela organização.

As empresas focaram, por muito tempo, em oferecer uma boa estrutura e equipamentos da melhor qualidade, como cadeiras confortáveis e notebooks 16 GB — itens essenciais para desempenhar um bom trabalho. Mas garantir a felicidade de seus funcionários vai além. 

Em parceria com os gestores de cada setor, os Chefes da Felicidade precisam encontrar formas de mostrar que a empresa se importa com cada um de seus colaboradores, seja incentivando o crescimento pessoal ou oferecendo outros tipos de suporte.

É essa humanização que faz o diferencial, especialmente quando se trata de uma organização maior, com muitos funcionários.

Nesses tempos de pandemia, em que a saúde emocional das pessoas está tão fragilizada, essa função se faz ainda mais necessária.

Por diversos motivos, as taxas de ansiedade, estresse e depressão estão cada vez mais elevadas, então é importante que os profissionais responsáveis procurem escutar seus funcionários e ajudar aqueles que se encontram em uma situação mais delicada.

Um ambiente de trabalho saudável se atenta a todas essas questões, e agora, graças aos Chefes da Felicidade, alcançar esse ponto ideal está cada vez mais possível.

Com o tempo, a tendência é que essa função deixe de ser opcional e se torne obrigatória para as corporações que desejam se destacar no mercado de trabalho.  

Escrito por Gabriel Dau
FONTE: https://www.jornalcontabil.com.br/chefes-da-felicidade-funcao-criada-para-tornar-o-ambiente-de-trabalho-mais-agradavel/

A pandemia, o retrocesso na educação e as oportunidades a partir da crise

educação brasileira tem um grande desafio pela frente: retomar o crescimento dos indicadores de ensino que durante a pandemia de covid-19 apresentaram intensa queda. Para se ter uma ideia, em abril deste ano, o Banco Mundial publicou um estudo sobre as defasagens de aprendizagem dos alunos durante a pandemia. Antes da crise, 50% deles tinham um nível de proficiência abaixo do mínimo. Pouco mais de um ano depois, esse índice saltou para 71%.

Em um recorte específico do Estado de São Paulo, com base em estudo da Secretaria Estadual de Educação, que analisou os dados do SAEB – principal ferramenta de avaliação da Educação Básica no Brasil – e fez uma comparação entre o ano de 2019 e a avaliação amostral de 2021, ficou claro o impacto da pandemia na educação básica.

O estudo revela uma perda significativa de aprendizado nos anos iniciais do ensino fundamental na disciplina de matemática com queda de 46 pontos no resultado do SAEB. Para atingir o patamar de 2019, que chegou a registrar 243 pontos e hoje não passa de 196, seria necessário multiplicar por 11 vezes o aprendizado que os estudantes levam um ano para concluir. Já nos anos finais do Ensino Fundamental, a disciplina de matemática registrou uma queda de 14 pontos no sistema. Neste caso, seria necessário saltar três vezes no aprendizado para compensar o déficit.

A pandemia também impactou o aprendizado da disciplina de língua portuguesa no Ensino Médio. O índice do SAEB que estava em elevação desde 2017 e em 2019 chegou a atingir 279 pontos na escala, em 2021 permanece em 268. Para alcançar o patamar de 2019 seria necessário elevar 18 pontos na escala.

O que se vê com a suspensão das aulas presenciais por pouco mais de um ano, o fechamento das escolas para conter a pandemia e as incertezas sobre o ano de 2021, é um retrocesso significativo nos avanços educacionais do país. Os resultados apurados pelo sistema de monitoramento educacional, que além do SAEB, incluem Censo Escolar e IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) vinham apontando melhora dos índices desde 2019, mas em meio ao contexto desafiador, alguns indicadores não se mantiveram equilibrados.

Embora gigantes, os esforços das redes de ensino e a oferta de atividades híbridas para reduzir as perdas no processo de aprendizagem e manter os estudantes engajados, esbarram no aumento do risco de abandono e de evasão escolar. Ele acontece principalmente quando a escola se distancia das necessidades dos alunos, além de outros motivos como, por exemplo, a necessidade priorizar o trabalho. Prejuízos no aprendizado, ampliando as diferenças entre estudantes ricos e pobres e danos à saúde mental também são registrados em virtude da pandemia.

O retorno das atividades escolares presenciais pode apontar um caminho para tentar reverter o quadro, mas, principalmente nos anos iniciais, de alfabetização, é fundamental estar atento ao desenvolvimento de habilidades, ao o vínculo da criança com a aprendizagem e ao sentimento de pertencimento ao grupo, principalmente quando se tratam alunos com dificuldade de aprendizagem.

Recursos tecnológicos têm se mostrado grandes aliados de escolas, estudantes e professores durante a pandemia. Em tempos de aulas híbridas, eles ajudam a construir as experiências dentro da sala de aula, por meio de atividades que incluem vídeos, apresentações e interação on-line. Também possibilitam fazer micro avaliações de cada atividade do aluno, permitindo conhecê-lo individualmente e gerar um diagnóstico do processo de aprendizagem.

tecnologia também pode atuar como facilitador quando o assunto é algum tipo de dificuldade na aprendizagem. Um bom exemplo é o EduEdu, aplicativo gratuito de alfabetização e reforço escolar com soluções tecnológicas acessíveis, desenvolvido pelo Instituto ABCD. Com recursos de gamificação, a ferramenta faz uma avaliação para identificar as áreas que a criança necessita de apoio, cria atividades personalizadas e monitora a evolução do aluno.

Mais do que nunca, é fundamental um esforço coletivo que uma escola e família para avançar. Os dois grupos precisam trabalhar juntos para promover a aprendizagem e evitar que qualquer aluno fique para trás. É essencial consolidar essa ponte, manter uma escuta ativa e se envolver com grupos que possam estimular o engajamento para que seja possível recuperar perdas e retomar o crescimento.

Escrito por Juliana Amorina
FONTE: https://exame.com/bussola/a-pandemia-o-retrocesso-na-educacao-e-as-oportunidades-a-partir-da-crise/

O que é Edtech? Entenda de uma vez por todas

O Brasil possui diversas dificuldades na área da educação e muitas oportunidades para novas soluções. Nesse cenário, as novas formas de ensino promovidas pelas startups têm grande impacto. Com 108 edtechs, 2013 fechou com um boom na criação de startups brasileiras, segundo o Distrito Edtech Report. O mapeamento mais recente aponta que já são 434 edtechs nacionais. Mas, espere só um minuto: o que são, exatamente, essas edtechs? Qual tem sido o impacto dessa nova era da educação? É mais em conta? Por que ela existe? Do que se alimenta? Calma! A intenção desta matéria é justamente mostrar para você o maior número de detalhes possível acerca do que é esse mercado e tirar todas as dúvidas, de uma vez por todas.

Para entender melhor do que se trata uma edtech, nossa equipe conversou com Vinicius Gusmão, CEO e co-fundador da MedRoom — que usa conceitos de gamificação e Realidade Virtual (VR) no ensino de medicina e treinamentos em saúde e permite ver com perfeição a estrutura do corpo, observar os órgãos individualmente e a relação entre os sistemas em diferentes amplitudes — e com Jan Krutzinna, CEO e fundador da ChatClass, antiga EduSim, uma startup focada em reinventar o ensino de inglês nas escolas do país com uma inteligência artificial da startup interage com os alunos de ensino fundamental e médio por meio de mensagens e áudios do WhatsApp.

Bom, indo primeiro na raiz da coisa, o uso mais comum de “edtech” é como abreviação de “education technology”, ou tecnologia educacional, mesmo: são soluções que linkam tecnologia com a jornada dos stakeholders da educação: professores, alunos, administradores. Isso pode variar de um aplicativo simples para o aluno do ensino fundamental aprender matemática ou sistema complexo de gestão de dados para administradores de instituições de ensino. Também podemos definir uma edtech como uma startup, uma empresa nova, que geralmente atua com tecnologia no setor da educação. No entanto, isso não significa que todas as edtechs trabalhem na área do ensino e da aprendizagem, elas podem ser focadas no marketing, na administração e nas operações em geral no contexto de instituições educacionais.

Tecnologia educacional

No entanto, além de compreender do que se trata, uma coisa que também não fica muito clara é a razão pela qual as edtechs estão aí. Segundo Vinicius, costuma-se dizer que o sistema de ensino está falido, que fracassou. “Mas isso é realmente verdade? O sistema atual consegue formar bilhões de alunos todos os anos em vários lugares do mundo, o que não parece característica de um sistema falido. A grande questão é que existe muito espaço para melhorar, aumentar o acesso, garantir qualidade, e nesse sentido a educação brasileira tem muito espaço para melhoria”, pondera o executivo.

Em relação a isso, Jan acrescenta que a educação talvez seja um dos setores mais tradicionais que existem, uma vez que a escola, por lidar com crianças e famílias, não é um lugar em que se pode experimentar diferentes coisas e cometer muitos erros. Entretanto, o executivo aponta que a tecnologia hoje está redefinindo grande parte de nossas vidas, do mundo, da economia e até mesmo da educação. Com isso, ele vê a tecnologia como uma grande oportunidade de melhorar o acesso e a qualidade do ensino. “A realidade é que a população precisa cada vez mais aprender, mas existe uma lacuna no número de professores disponíveis e também uma desvalorização da profissão. Acho que a digitalização pode ajudar a preencher essa lacuna e também a auxiliar os professores a trabalharem com mais impacto”.

O CEO da ChatClass aponta o Brasil como um país grande, onde existe muito capital humano, com muito potencial, e os brasileiros têm vontade de aprender e possuem ambição para avançar na vida, mas o sistema escolar tem dificuldade em entregar um ensino para atender essa demanda da população. Os testes internacionais, como PISA, infelizmente, evidenciam que o sistema do Brasil precisa melhorar.

O cenário atual apontado por Jan é um país que precisa investir e melhorar a educação por causa da constante evolução da economia e, com isso, o crescimento da demanda de pessoas com mais treinamento. Para ele, a tecnologia atualmente transforma indústrias não só no Brasil, mas em todo o mundo, e é importante que essa melhoria na educação aconteça para todos, e não apenas para os privilegiados.

Analisando esse cenário, Vinicius declara que a tecnologia viabiliza experiências que não seriam possíveis de outra forma, como gerenciar milhares de alunos, promover ensino adaptativo para cada um, visitar e passar por experiências que não são de fácil acesso ou que não são possíveis na vida real. Para ele, há uma série de fatores que a tecnologia potencializa e outros tantos que ela torna possível. “Com tecnologia na educação podemos levar a humanidade para outros níveis de discussão. Apesar disso, existe muita discussão sobre até onde a tecnologia chega e até onde ela deveria chegar”, acrescenta. Em outras palavras, os objetivos de cada uma variam bastante, pode-se querer melhorar gestão, processos ou até mesmo o conteúdo em si.

Edtech é mais em conta?

Quando se fala em edtech, uma das primeiras dúvidas que surgem é o preço. Segundo a linha de pensamento de Jan, a princípio, uma solução em tecnologia pode ser mais barata do que uma solução tradicional, como são com os livros, simplesmente por conta do baixo custo que a virtualização traz. “A tecnologia consegue entregar um conteúdo mais personalizado e acessível, já que o preço é menor comparado com os métodos tradicionais. Com tecnologias de inteligência artificial, por exemplo, conseguimos baixar o custo dos feedbacks e permitir que todo aluno tenha a atenção pedagógica que merece”, disserta, já considerando que o aluno tenha um equipamento em casa (notebook, smartphone ou tablet).

Se por um lado, Jan acredita que a educação por meio da tecnologia fornece mais resultado em custo-benefício, para Vinicius não é exatamente assim, pois algumas demandam investimento inicial mais alto. mas que no tempo se mostra diluído por ter menos problemas com gestão de pessoas, uso de insumos etc. O CEO afirma que o importante é ter clareza das expectativas, ou seja, saber o porquê de adquirir uma solução de edtech, se ela resolve um problema real e quais as vantagens que sua organização ou seus alunos terão frente à novidade.

O contraponto

No entanto, mesmo os CEOs de Edtech precisam admitir que esse novo mercado não é perfeito, e também conta com seus prós e contras. Para Vinicius Gusmão, os contrapontos variam de edtech para edtech, e as mais ligadas com o conteúdo em si precisam ter uma atenção especial com curadoria e proposta de valor.

Sendo assim, o CEO e co-fundador da MedRoom atribui à falta de interação a principal desvantagem da edtech: “Algumas tecnologias são muito ‘solitárias’, como as plataformas EAD, o que pode limitar a interação entre as pessoas, critério extremamente importante para a formação. Plataforma de aprendizagem com inteligência artificial se mostram muito promissoras para aprendermos hard skills, mas não são tão boas para desenvolvermos soft skills, por exemplo”, afirma o executivo.

Por sua vez, Jan diz que as principais desvantagens de se aprender por meio das edtechs, são os “desafios de motivação”. Ele explica que isso acontece porque a maioria programas 100% online tem dificuldades com retenção e engajamento dos alunos, já que para a grande maioria das pessoas, é difícil estudar sozinho em casa.

Sendo assim, as soluções trabalhadas dentro das instituições (escolas e faculdades) muitas vezes acabam não sendo tão redondas e tentar aprender através delas pode ser difícil. Para o executivo, as equipes de tecnologia do mundo de startups deveriam pesquisar a fundo sobre a realidade da sala de aula, justamente para otimizar as abordagens.

O futuro das Edtechs

Certo. Então já descobrimos o que são as edtechs, o porquê da atenção que esse mercado tem conquistado e até mesmo as desvantagens que envolvem. No entanto, quando se tem em mente estudar por smartphone — e até mesmo por WhatsApp, como já vem acontecendo —, chega a aparecer um estranhamento em relação ao que esperar. A tecnologia avança a passos muito largos, afinal. Então quer dizer que haverá médicos formados por meio do WhatsApp no futuro, ou coisa parecida?

“Na minha visão, isso já pode acontecer hoje”, aponta Jan. Ele reitera que existem profissões, como médicos, que demandam práticas de aspecto físico/manual como fazer uma cirurgia, que não é viável fazer pelo smartphone hoje e talvez nunca seja, mas que o smartphone pode virar um orientador universal capaz de guiar e auxiliar no aprendizado de assuntos complexos, até para a medicina. “Então, nossa visão é criar essas assistentes digitais para aprendizagem dentro do smartphone, que pode ser um tutor para qualquer matéria que se desejar aprender”, declara.

Em contrapartida, questionado a respeito dessa ambição das edtechs, Vinicius Gusmão aposta num cenário com múltiplas frentes, presenciais, a distância, virtuais e reais. Isso porque, segundo ele, existem diferentes tipos de mensagem, cada um com uma necessidade de comunicação diferente, que necessitam de mídias diferentes. “O melhor é tornar todas as mídias acessíveis e integradas, não forçar a mensagem para uma mídia que não a comporta. É como adaptações de livros para filmes: o livro foi escrito para ser uma experiência de leitura e quando você o transporta para dentro do filme ele não funciona da mesma forma”, conclui.

Jan também acredita no ensino híbrido, que combina as ferramentas digitais com uma experiência presencial, em que cada um é otimizado para o que pode entregar melhor. Para ele, ambos são vantajosos: presencialmente, os alunos ficam mais motivados e existem diversos benefícios pedagógicos, enquanto a assistente digital pode trazer customização baseada em dados e feedbacks personalizados.

Para conquistar a ascensão, o nicho das edtechs precisa resolver duas coisas, segundo Jan: primeiro, ter um produto que se adequa com as necessidades do mercado e, segundo, ter uma boa distribuição para chegar aos usuários. Ele acrescenta que, no final das contas, as grandes editoras e o sistema de ensino mantêm o poder, já que têm uma força de distribuição grande, fechando contratos com ticket alto com escolas e parceiros. Elas não possuem sistema digital avançado, mas mesmo assim conseguem dominar o mercado, apenas com livros e serviços.

“Nós estamos trabalhando por uma perspectiva de ecossistema, queremos ajudar o aluno e o professor aonde eles estiverem: por isso temos soluções em parceria com sistemas de ensino, com escolas de idiomas, com escolas regulares e também para os alunos que queiram aprender conosco. Somente dessa forma conseguimos endereçar o problema da distribuição e do produto para alcançar o máximo de usuários”, finaliza o CEO da ChatClass.

Escrito por Nathan Vieira
FONTE: https://canaltech.com.br/inovacao/edtech-o-que-e-159758/

Transformações no mundo do trabalho exigem respostas inovadoras, escreve Clemente Ganz Lúcio

O mundo do trabalho passa por múltiplas e profundas transformações com intensos impactos sobre os empregos e as formas de ocupação laboral; sobre a quantidade, os tipos e os conteúdos dos postos de trabalho; sobre as profissões, seus conteúdos e a pertinência da sua existência; sobre os conteúdos, métodos e atualização da educação e formação profissional; sobre as habilidades necessárias para trabalhar nos novos contextos; sobre as formas de contratação e de inserção laboral, que passam pelo assalariamento clássico, às várias formas de trabalho autônomo e por conta própria, ao contrato intermitente, por prazo determinado ou eventual, aos vínculos mediados por plataformas e aplicativos, a pejotização, uberização, entre outros.

A ampla flexibilidade da jornada de trabalho, composta de uma miríade entre as micro jornadas de poucos segundos que, de maneira intermitente, se somam às jornadas de mais de 15 horas diárias durante 7 dias por semana; sobre diferentes formas e critérios de remuneração e de direitos laborais; sobre as formas de proteção laboral, social, previdenciária e sindical e, principalmente, a ampliação das formas de desproteção laboral, social, previdenciária e sindical. Rotatividade, informalidade, múltiplos vínculos laborais, vulnerabilidade, precarização, adoecimentos, medo, insegurança, estresse, ansiedade, depressão caracterizam esse novo mundo do trabalho.

Essas transformações no mundo do trabalho ganham rapidamente dimensões globalizadas e estão se acelerando e expandindo. A crise sanitária da covid-19 impactou a economia em todo o planeta e ensejou medidas que aceleraram essas modificações no mundo do trabalho.

Essas transformações acontecem porque há mudanças profundas e disruptivas na estrutura e nos fluxos do sistema produtivo e na base do sistema econômico. Há também mudanças culturais fundamentais no sentido da igualdade entre homens e mulheres, na forma de exercer a liberdade aplicada em diferentes escolhas para a vida, na maneira de as pessoas se inserirem na economia, no acesso e circulação das informações e do conhecimento; a expectativa de vida aumenta e ocorre a queda da taxa de natalidade; tudo isso impacta a organização da sociedade e as relações sociais, com novas demandas de serviços e produtos aparecendo e inovadoras ofertas que aumentam a cada dia. Há ainda as ondas do tsunami ambiental que a humanidade tem provocado, que está alterando o clima e colocando em risco todas as formas de vida no planeta, exigindo também respostas inovadoras.

As transformações sempre existiram porque fazem parte da essência da vida em todas suas dimensões, inclusive na econômica, como revelam as 3 revoluções industriais no último século e meio. Na atualidade histórica está em curso o processo da 4ª revolução tecnológica, com impactos em todo o sistema produtivo, ao mesmo tempo que ocorrem profundas mudanças culturais cujas extensões são múltiplas e totalizantes.

A profundidade dessas mudanças tem caráter disruptivo, abandonando rapidamente o velho mundo, que vai perdendo predominância e hegemonia. O novo mundo emerge com a velocidade acelerada e efeitos que se distribuem em todas as direções.

Para uma agenda que debate e delibera sobre as escolhas feitas no presente em relação a esse conjunto de transformações, é fundamental compartilhar a capacidade de prospectar as possibilidades de futuro, orientando cada escolha atual pelo sentido daquilo que se quer construir, dos problemas a serem superados, indicando claramente aquilo que não se quer promover e produzir.

Esse debate deve ser instruído por muita informação e conhecimento qualificado, por amplo processo de debate que compartilhe projetos de formas de vida coletiva que expressem a condição humana que se quer promover, bem como considere os limites físicos e climáticos do planeta Terra, que indique a missão de considerar os habitantes da Terra como uma comunidade planetária, que preserva todas as formas de vida, inclusive a nossa.

Nessa agenda que prospecta o futuro e cria compromissos no presente, há que se colocar como elemento constitutivo de um projeto de desenvolvimento e de sociedade a dimensão do trabalho como direito universal de participação de todos na produção econômica e de acesso ao produto social do trabalho.

Há que se entender que a tecnologia é inteligência, conhecimento e trabalho humano aplicado na forma de máquina, ferramenta e processo produtivo, cujas escolhas nos processos de inovação e no seu compartilhamento têm uma dimensão fundante essencialmente política. Ou seja, cabe à sociedade, por meio dos meios de que dispõe e cria para o diálogo social deliberativo, tratar das inovações, dos seus avanços, reflexos, usos e analisar seus impactos, fazendo escolhas de melhores caminhos, de perspectivas e de projetos.

Por Clemente Ganz Lúcio
FONTE: https://www.poder360.com.br/opiniao/economia/transformacoes-no-mundo-do-trabalho-exigem-respostas-inovadoras-escreve-clemente-ganz-lucio/

Educação e tecnologia: por que grandes empresários querem investir nas ‘edtechs’

Desde que decidiu vender o Orlando City, o bilionário Flávio Augusto da Silva afirmou que seus investimentos seriam voltados para o setor de educação. E a promessa está sendo cumprida. Em entrevista exclusiva à CNN, o empresário confirmou que pretende investir cerca de R$ 1 bilhão no setor de educação, nos próximos três anos. Na última semana, Flávio anunciou um aporte para a aquisição de 100% da Conquer, escola de negócios da nova economia. 

“A Conquer é uma empresa nova que, em 4 anos, cresceu do zero para um faturamento de R$ 35 milhões, no último ano. Essa aquisição faz parte de uma estratégia de multiplataforma. Vamos ter conteúdos voltados para a realidade do mercado de trabalho”, afirma Flávio.

O presidente da Wiser Educação quer fugir dos modelos tradicionais e planeja investir na oferta de cursos mais práticos. “Meu objetivo é melhorar a empregabilidade, a carreira profissional, o salário e as condições para que todos tenham a possibilidade de empreender e gerar empregos.”

Para Flávio, o interesse das pessoas em conteúdos da área de negócios tem crescido muito nas redes sociais, e isso traz à tona uma oportunidade para o desenvolvimento da atividade econômica do país. No entanto, o empresário ressalta que, para isso acontecer, é preciso que as escolas não fiquem paradas no ensino convencional: “O ensino tradicional é muito conteudista, e a vida não é isso. Precisamos de mais ações que possam formar o aluno para a realidade, como finanças pessoais e oratória, por exemplo.”

No momento, segundo Flávio, 40 empresas estão no radar da Wiser. Dessas, 17 já assinaram um contrato de confidencialidade e duas devem ser incorporadas nos próximos meses.

Questionado sobre o futuro da educação, em especial em relação à presença da tecnologia no setor, o empresário é direto: “Agora, as ações on-line são feitas com mais naturalidade. É um caminho sem volta. E as edtechs fazem parte de um modelo educacional tecnológico, com recursos pedagógicos diferentes do modelo presencial e com larga escala. Se feito com qualidade, esse modelo pode desenvolver ainda mais a aprendizagem dos alunos.”

Mesmo assim, Flávio não acredita no fim do modelo presencial: “Esse tipo de ensino não vai morrer, ele vai ter o seu espaço. Porém, o on-line veio para ficar. A sociedade não vai voltar a ser exatamente como era antes em relação ao comportamento do consumidor. Haverá um equilíbrio, mas o digital pode ir muito mais longe. Vamos ter, em breve, mais de 1 milhão de alunos matriculados em nossa plataforma.”

Edtech financeira

Outro empresário que está apostando alto nas edtechs é Thiago Nigro, dono do Grupo Primo. No primeiro semestre, Nigro lançou uma plataforma de conteúdos sobre finanças e investimentos, que funciona no modelo de assinatura. O grupo está investindo R$ 20 milhões no projeto, chamado de Finclass. No primeiro mês de funcionamento, o aplicativo já teve mais de 850 mil visualizações, e a aula de criptomoeda é a mais assistida.

“O aplicativo é um encontro de três pilares: reunião dos maiores do mundo em finanças, desenvolvimento de um design profissional e cinematográfico e o uso da mais avançada tecnologia”, elenca o empresário.  

Thiago Nigro também é um crítico do modelo tradicional usado nas escolas: “No Brasil, as maiores faculdades têm cursos que não estão alinhados com as tendências de mercado. Muitas instituições preparam os alunos para o hoje, mas sem preocupação com o amanhã. A educação deveria olhar para as tendências e não apenas para a atualidade. O aluno já se forma desatualizado.”

Com mais de 5 milhões de seguidores no Instagram, Nigro entende que o retorno de estudar no modelo atual está cada vez menor: “você investe em educação no modelo atual e não recebe o dinheiro de volta, porque não está realmente preparado a realidade do mercado.”

A edtech de Nigro tem cursos tanto para quem quer dar os primeiros passos em educação financeira, com conteúdos voltados para escolha de ação, carteira, perfil investidor e criptomoeda, como para quem já tem conhecimento mais avançado, com cursos sobre equity e gestão financeira.

Questionado sobre qual o motivo do alto investimento em educação, o empresário é enfático: “Porque existe uma defasagem educacional gigante no Brasil, e a educação financeira é um problema sem solução. Apenas 1% das pessoas se aposentam com a mesma qualidade de vida que tiveram durante o período produtivo. Hoje, acredito que eu sou uma pessoa que pode ajudar a mudar essa realidade, pois eu vivi todos os lados do dinheiro: já fiquei endividado, já precisei contar centavos, já ganhei, perdi, ganhei de novo. Por essa razão, estou no ecossistema certo para engajar as pessoas”

Fonte: CNN Brasil (Acessado em 28/06/2021)
Link: https://bit.ly/3h7mwpH